Para não esquecer a Marcha da Família.

Ainda me lembrando da chamada “Marcha da Família com Deus”, quero dizer que me sinto envergonhado. Não por ela em si, pois todos tem o direito de se manifestar, e as pessoas que foram podem sim dizer o que quiserem, mas a vergonha que sinto é de ver o quanto de esforço foi desprendido, por simpatizantes nas redes sociais, por horas de matérias jornalísticas nas redes de televisão e milhões de caracteres que foram digitados e impressos na tentativa de arrebanhar simpatizantes a causa do pedido explicito de golpe militar no Brasil, e ter sido o estrondoso fracasso. Fico a imaginar a reação nas redações da grande mídia que mobilizaram seus melhores, ou piores, tanto faz, jornalistas para cobrirem os milhões de descontentes pelo Brasil a fora. E depois da ausência de povo a frustação e correria nas redações foi grande. Tiveram que buscar matérias de última hora para suprir a falta de rebeldes sem causa nas ruas.
A polícia militar informou que 500 pessoas passearam por ruas de São Paulo protestando. Em Recife foram 20. Em Minas Gerais 5. Em Santa Catarina 3. Na Bahia não se teve notícia de que tenha aparecido alguma viúva da ditadura vagando pelas ruas. Em Sergipe tá confirmado, ninguém passou por este vexame.
O maior embate foi mesmo no mundo virtual. Dias antes da propagada marcha, que depois foi apelidada de “murcha”, dois grupos distintos buscavam achincalhar o outro. A muito deixaram de discutir política e partiram o ataque. De um lado aqueles que diziam que iriam as ruas, o que vimos depois não ter acontecido. Estes pregavam abertamente o retorno de um governo a ser comandado pelos militares. Não vou aqui falar o nome de nenhuma dessas pessoas, até porque sempre defendi que ao citarmos essas pessoas, estamos a fazer propaganda delas e do que fazem. Muitas perolas foram distribuídas por eles. Uma delas foi a de uma jovem garota que declarava que o Governo da Presidenta Dilma era Chavista. Me desculpe a ignorância, dela, claro, mas essa moça não deve estar tirando boas notas nas escola onde frequenta. Em história deve ter levado uma bela nota vermelha. E por falar nesta cor. O outro grupo, defensor do atual governo federal e de suas ações, partiu, desde os primeiros momentos a zombar da proposta oferecida. Foram muitos os chamados “memes” distribuídos. Hora profissionalmente, hora feitos por bravos guerrilheiros virtuais, que passam horas na frente do computador defendendo o legado dos governos do Partido dos Trabalhadores.
As ruas mostraram que não há espaço para retorno a de uma ditadura em nosso país. Mostraram também que, mesmo discordando do que eles pensam e fizeram, o direito de protestar foi garantido a estes poucos. Foi a reafirmação de que estamos vivendo um estado democrático no Brasil. Se declaro ter vergonha alheia pelo ridículo que passaram, me sinto na obrigação de dizer que estou feliz por ver estas pessoas nas ruas. Mostra que tudo pelo que lutei durante a minha juventude, e continuo a lutar ainda hoje, valeu e vale muito. Aqueles dias e noites não foram em vão.

Distante de tudo isto, o participante mais importante na marcha não foi visto em nenhuma destas cidades. Deus, o Senhor supremo, amado por todos, mandou avisar, via o cartunista Alpino, que não estaria presente. O supremo, e não o Joaquim, que se acha, tomou partido da maioria esmagadora do povo brasileiro. Abandonados por Deus, as viúvas choram na lápide golpista.
Dimas Roque

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