James Strauss, primeiro brasileiro a receber a Medalha de Ouro Mozart de Viena

Concorrendo ao Grammy Latino 2025 e com três novos álbuns previstos para este ano, flautista pernambucano radicado em Viena conquista uma das maiores honrarias da música clássica internacional

Um pernambucano de Abreu e Lima acaba de fazer história e conquistar uma das mais importantes láureas da música de concerto internacional. O flautista James Strauss, radicado em Viena, recebeu, no início de junho, a prestigiosa Medalha de Ouro Mozart da Mozart Gemeinde Wien - concedida pela sua gravação da obra completa de Mozart para flauta - outorgada pela mais antiga e respeitada sociedade mozartiana do mundo (fundada em 1913 em Viena). Criada em 1973, a Medalha de Ouro Mozart de Viena só foi conferida 10 vezes e James Strauss é o primeiro brasileiro a recebê-la, um marco cultural e diplomático musical que se junta a outros títulos notáveis do músico pernambucano – Embaixador da Paz da ONU (por conta do seu trabalho desenvolvido com crianças e adolescentes na Venezuela), James Strauss foi o primeiro brasileiro a ser diplomado como concertista em flauta pela Escola Normal de Música Alfred Cortot de Paris.

Com três álbuns a serem lançados pela Universal Music em 2025 (“Projeto Carl Nielsen”, “As Quatro Estações de Vivaldi” e “Tributo a J.S. Bach”), a conquista da Medalha de Ouro Mozart de Viena abre de forma esplêndida um ano de comemorações e realizações: concorrendo ao Grammy Latino 2025 na categoria música clássica com o álbum "PromeNadia Ecuatoriana", o flautista irá comemorar seus 50 anos em um concerto de aniversário no Golden Hall do Musikverein, em Viena, o epicentro da música clássica mundial, no dia 15 de novembro. Antes, a agenda contempla ainda uma importante turnê pelo Brasil, com concertos em João Pessoa e Recife, além de apresentações em Praga, consolidando uma presença artística consistente nos principais centros culturais europeus.

A Medalha de Ouro Mozart de Viena e sua importância para a música brasileira.

Historicamente conhecido por sua rica tradição musical popular - samba, bossa nova, choro, MPB – o Brasil tem experimentado nas últimas décadas um notável desenvolvimento no campo da música erudita, com a criação de orquestras sinfônicas de nível internacional, o surgimento de compositores brasileiros reconhecidos mundialmente, e a formação de intérpretes de classe mundial colocaram o país no mapa da música clássica internacional.

A presença de um brasileiro entre os laureados da Medalha de Ouro Mozart representa o reconhecimento desta evolução. Não se trata apenas de uma conquista individual, mas da validação internacional de todo um ecossistema musical que se desenvolveu no Brasil: conservatórios de excelência, professores de renome internacional, orquestras de qualidade mundial, e uma geração de músicos formados sob os mais altos padrões técnicos e artísticos.

A Áustria, berço de Mozart, Beethoven, Schubert e Brahms, reconhece no Brasil não apenas um país de grande tradição musical popular, mas também uma nação capaz de formar intérpretes da mais alta qualidade da música clássica européia. Este reconhecimento mútuo contribui para o desenvolvimento de intercâmbios culturais, parcerias educacionais e colaborações artísticas que enriquecem ambas as culturas. Quando um músico brasileiro recebe esta distinção, confirma-se que a música de Mozart não é patrimônio exclusivo da cultura germânica, mas sim uma linguagem universal que pode ser compreendida, interpretada e transmitida com autenticidade por artistas de qualquer nacionalidade. Esta é uma mensagem poderosa em um mundo cada vez mais globalizado, onde a excelência artística não conhece fronteiras.

O Prestígio da Mozart Gemeinde Wien e seus Laureados

A Mozart Gemeinde Wien, com mais de um século de existência, estabeleceu-se como uma das instituições musicais mais respeitadas da Europa Central. Sua Medalha de Ouro Mozart, criada em 1973, foi conferida apenas dez vezes durante seus primeiros 27 anos de existência, reservada exclusivamente para personalidades de excepcional contribuição à música mozartiana e à cultura musical austríaca.

Entre os laureados desta primeira fase encontram-se nomes que definiram a interpretação mozartiana do século XX: o lendário maestro Karl Böhm, pioneiro das gravações integrais das óperas de Mozart; os Wiener Philharmoniker, orquestra com a qual Mozart certamente sonhou; Leopold Nowak, musicólogo fundamental para a compreensão da obra mozartiana; e Erik Werba, pianista e pedagogo que formou gerações de intérpretes.

A retomada da concessão desta medalha em 2024, após 24 anos de interrupção, demonstra a importância renovada que a instituição atribui ao reconhecimento internacional da excelência musical. O fato de que, entre os novos laureados, figure um músico brasileiro, marca uma transformação significativa na perspectiva da Mozart Gemeinde Wien sobre a universalidade da música de Mozart.

Um pernambucano que ganhou o mundo

Flautista brasileiro de renome internacional, aclamado por seu talento extraordinário e interpretações emotivas, James Strauss é considerado “o Lang Lang da Flauta” e um autêntico representante latino da Escola Francesa de Flauta, conquistando reconhecimento mundial por sua técnica impecável e sensibilidade rara. Como artista da gravadora Universal Music Group, lançou uma coleção de CDs destacando sua flauta virtuosa ao lado de artistas renomados. Suas gravações receberam ampla aclamação e foram transmitidas em programas de rádio internacionais, consolidando sua reputação como uma das principais figuras do cenário da música clássica.

Atualmente radicado em Viena, Strauss desenvolve uma carreira multifacetada como solista, recitalista, músico de câmara e professor. Sua paixão pela música contemporânea e por repertórios pouco convencionais, aliada à sua excepcional arte, continua a elevá-lo como um dos artistas mais brilhantes de sua geração. Por meio de aulas e masterclasses, Strauss compartilha seu vasto conhecimento, sendo amplamente elogiado por seu ensino inspirador e sua visão musical. Ele continua a encantar plateias ao redor do mundo, deixando uma marca indelével no panorama da música clássica.

Por: Fábio Cezanne,

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