Ciro, um homem de partidos. Muitos partidos!


Eu ainda me lembro quando no ano de 1982 saí de minha cidade, Paulo Afonso, no interior da Bahia, acompanhado de um amigo, Ivaldo Brito, para irmos até a capital do Estado, Salvador. Nós tínhamos a missão de encontrar o Jorge Macarrão, a pessoa responsável pelo Partido dos Trabalhadores.

Chegando em Salvador, nos dirigimos à “Cidade Baixa” e lá entramos em uma sala pequeníssima, amontoada de pacotes de papeis com cédulas de filiações, e para completar ainda tinha várias pessoas, também com o mesmo objetivo que o nosso. E foi assim que, retornando ao interior, nos tornamos responsáveis, junto com outros companheiros, pelos primeiros filiados na cidade, tanto é que  minha ficha de filiação foi a de número 02.

E porque falei sobre isso?


Para dizer que acredito estar do lado certo da história, como diz o dito popular, desde que eu me entendo por gente. O lado que acredito ser o que busca melhores condições sociais para todos; que lutou bravamente contra a ditadura militar que se iniciou 1964, no Brasil; que quando esteve no governo federal criou os programas sociais que proporcionaram que filho de pobre pudesse entrar na universidade; que o pobre pudesse ascender na sociedade, ainda que minimamente: fazer viagem de avião, visitar Cuba e sua história, ou ir à Disney realizar o desejo de um filho.

Aí, me aparece Ciro Gomes, ex-governador do Ceará querendo ditar regras de comportamento para a Esquerda Brasileira, quando ele sempre esteve do lado de lá. E só colocou um pé do lado de cá quando teve a oportunidade de ser ministro de Lula. Na época, chegou até ser confundido como sendo de esquerda. Mas nunca foi.

Ciro tem o DNA da direita raivosa incrustado em seu sangue. Sua gênesis é o PDS – Partido Democrático Socialista (1982). Foi nele o princípio de tudo, onde se forjou a sua personalidade arrogante. Cria da Arena – Aliança Renovadora Nacional, que deu sustentação à ditadura militar no Brasil.

Um ano após a sua primeira filiação, Ciro pula de partido pela primeira vez. Deixa o PDS e se filia ao PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro em 1983. Mas já em 1988, para acompanhar Tasso Jereissati, de quem se tornou intimo politicamente até hoje, se filiou ao PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira. Falar sobre o que essa agremiação partidária fez para contribuir com o estado em que nos encontramos hoje, quando foi a principal financiadora política do golpe contra a Presidenta Dilma Roussef, é chover no molhado.

O próximo partido foi o PPS – Partido Popular Socialista. Uma dissidência do antigo Partidão, o PCB – Partido Comunista Brasileiro. A agremiação de Roberto Freire, virou à direita e parece que não tem retorno. Ficará por lá mesmo. E Ciro só a buscou porque esse era o caminho.

Já no ano de 2003, o já conhecido nas redes sociais como “Coroné do Sertão”, como é apelidado, se bandeou para o PSB – Partido Socialista Brasileiro. Foi o máximo que ele conseguiu chegar à esquerda. Mas ele deve ter sentido urticária, porque em seguida pulou para o PROS - Partido Republicano da Ordem Social. Mas, não demorou muito. Um ano após, Ciro se filia ao PDT – Partido Democrático Trabalhista e, ufa! Está estacionado nele até o momento.

Ciro nunca foi de esquerda. Ciro nunca teve compromisso com a unidade. Ciro é um desagregador contumaz. Ciro é um Bolsonaro estudado. Suas táticas para ocupar espaço são idênticas as do Capitão Corona. Ele não aceita uma crítica política e parte logo para o ataque pessoal. Não tem a estatura de um Brizola. Se muito, no plano nacional chegará a uns “doze por cento”. Apelido lhe dado após ter abandonado o Brasil no segundo turno da última eleição que resultou na vitória de Jair Bolsonaro.

Ciro sabe que a esquerda o conhece. Sabe de onde veio e de onde nunca sairá. Ao partir para o ataque contra qualquer opinião discordante da sua, ao buscar dividir o eleitorado decepcionado com Bolsonaro, ele procura se aproximar da direita desiludida. Tenta se vender com a alternativa ao que ao que está no governo brasileiro atualmente. Ele só está esquecendo de combinar com os 12% dos eleitores que lhe deram os votos e que acreditaram ser Ciro de esquerda. Mas Ciro nunca foi de esquerda. Ciro nunca será de esquerda. Ciro é direita, e direita raivosa.

2 comentários:

HUMBERTO disse...

Parece que seu filho já te respondeu, né?

Unknown disse...

E que resposta...