O ano era de 2009, para ser mais exato, no mês de dezembro a rede globo apresentou uma séria de reportagens com o título, “o Brasil que sofre com a fome”. A narradora que informa era a repórter Fátima Bernardes, e dizia, entre outras coisas, que vivíamos em um país que mantinha parte de sua população sofrendo de fome e longe da prosperidade.
A matéria daquele dia chocou
todo o mundo. O repórter Marcelo Canellas mostrou a fome que vivia a cidade de
Araçuai em Minas Gerais. As imagens pulam do livro de João Cabral de Melo Neto, “Morte
e Vinda Severino” e aparecem nuas e cruas em horário nobre da televisão
brasileira.
Naquela semana, como ainda
durante muito tempo, a miséria do povo pobre era o gancho para buscar audiência
e comover a todos.
Na onda das reportagens para
retratar a fome no Nordeste, o Jornal do Brasil, em 1983 estampou na capa a
foto de um homem exibindo um Calango. Lagarto que vive na região do nordeste do
Brasil. A chamada da matéria foi, “Cearenses comem Lagartos para não morrer de
fome”. O que não refletia a realidade, nem local, nem de toda a região
nordestina. E durante muito tempo, o povo viveu com esse estigma, criado por
alguém que deve ter achado que aquela imagem serviria para o propósito da venda
do jornal Carioca.
Durante muito tempo eu vivi a
me perguntar onde miséria, no Nordeste, região que moro, o povo come calangos?
Porque estou com 54 anos e nuca vi, nunca soube de alguém perto, ou mesmo distante,
a não ser por reportagem de gente do Sudeste, que alguém tenha comido um
lagarto desta espécie.
Passados tantos anos a fome
entre o povo diminuiu bastante através de vários programas sociais implantados e que servirão a todos os pobres do Brasil. Sim! Porque a pobreza não é
exclusividade do Nordestino. Ela está em todas as cidades. Algumas mais e
outras menos, mas existi.
Hoje o que choca é a “Farinata”.
Ração para humanos que o atual prefeito da cidade de São Paulo está tentando
implantar como programa de combate a fome para pobres. Feito com alimentos que
seriam descartados da indústria ou do comércio e que estariam próximos da data
do seu vencimento.
São Paulo hoje está para a
imprensa, assim com esteve o Nordeste um dia, ela se tornou uma manchete de
jornal, “A Farinata do Doria”.
Dimas Roque.
Foto: Divulgação da Prefeitura de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário