Novo projeto de poder em curso. Continuaremos a ser “passageiros do nosso destino”?

É PRECISO ENFRENTAR O ARBÍTRIO.

A lista de Fachin é mais um passo num roteiro que vai ficando cada vez mais claro. Nela, mistura-se tudo. Denúncias de corrupção, caixa 2 e até “ouvi dizer”. Uma irresponsabilidade turbinada pela grande mídia, que sacia leões num espetáculo midiático deplorável. Algumas das práticas reveladas são “chagas antigas” do processo de amadurecimento de nossa jovem democracia, é verdade. Mas é preciso ter atenção. O que está em curso não é o enfrentamento cirúrgico das doenças. É um ataque atômico, onde morrerão culpados e inocentes, onde a política e as instituições democráticas serão dizimadas. A política não é feita apenas de pessoas corretas, a sociedade também não. Corrigir e impor limites é imprescindível, punir quando necessário, fundamental. A democracia e a política são o que de mais avançado a humanidade conseguiu construir como forma de mediação de conflitos e diferenças, de visões e interesses. Estamos numa escalada perigosa de volta à “Hiroshima”. A quem interessa isto? Parte da esquerda, sem compreender, age de forma bipolar. Está perdida no Fla-Flu. Moro e Janot vão de heróis a bandidos em questão de segundos, dependendo do personagem acusado. A linha editorial da Globo, principal âncora do projeto em curso, não deixa dúvidas. Lula continua sendo o alvo central. Não por eventuais erros que tenha cometido, mas pelas ideias que representa. Se, para dizimar a esquerda, for necessário levar todo o sistema político junto, melhor. Está em curso um Novo Projeto Político de Poder conduzido pela aliança da Globo com setores da burocracia estatal de caráter antinacional. Este projeto tem alternativas. Poderá ter como expoente um dos seus, um Procurador ou Juiz, um “Pseudoiluminista do século XXI”, um “Positivista pós-moderno” disfarçado de salvador da democracia e da honra. Poderá lançar mão de aventureiros, oportunistas não faltam. Não descartaria ainda uma saída autoritária, um “golpe moralizador dentro do golpe”. No centro, o desmonte do projeto de nação. Andaremos para trás como civilização. Enquanto não entendermos a profundidade do que está em curso (Bolsonaro já chega a 10%), e ficarmos agarrados a soluções de retrovisor, a uma troca de tapas menor contra o inimigo errado enquanto a bomba se aproxima do solo, estaremos fora do jogo real. Continuaremos a ser “passageiros do nosso destino”. Está em disputa o depois, contra um inimigo poderosíssimo que está disposto a tudo. Saídas com cheiro de naftalina e receitas prontas não vão nos salvar. Uma Frente Ampla Pela Democracia, desprovida de esquerdismos inúteis e que coloque no centro a necessidade de salvar a política, a democracia, e que reúna forças para enfrentar de forma firme e corajosa os arbítrios da “Aliança do Coliseu” seria um bom começo.

Por Ricardo Capelli.

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