O banheiro unissex lá de casa

Tem coisas que eu vou morrer velho e não vou entender o porquê de tanto barulho. É certo que se deve ter uma certa preocupação hoje em dia com quem está ao seu lado em espaços públicos. Com a loucura social que estamos vivendo, onde pessoas matam outras só por discordarem de suas opiniões, é certo termos cuidados redobrados quando estamos nas ruas.

Mas também não dá para polemizar em tudo na vida. A vida social está chata. Uma discordância pontual, quando envolve grupos sociais distintos, vira uma guerra de versões e explicações para determinadas coisas que parece nunca acabar, e ninguém convence ninguém. Não há mais disposição para se mudar de opinião. Falou, tá falado e pronto.

A discussão em torno de banheiros unissex, que popularmente são chamados de banheiros neutros ou multigênero e que podem ser usados por qualquer pessoa de qualquer sexo, virou um campo de batalha entre os que defendem o seu uso e os que não admitem que uma criança, a esposa, ou ele próprio entre no mesmo espaço que um gay, um travesti possa usar para suas necessidades.

Não haveria esse barulho todo se cada um dos gêneros parasse um pouco para ver que dentro de suas casas os banheiros, em sua imensa maioria, são unissex. Sim, todos e todas usam, independentemente se femininos, masculinos ou LGBTQI+.

Lá em casa, desde que me conheço por gente, o povo bate na porta do banheiro, que é sanitário ao mesmo tempo. Se o cabra come alguma coisa que desarranja o bucho, não tem a certeza de que a visita do domingo também não esteja precisando do mesmo espaço e ao mesmo tempo.

Sendo o local da casa mais democrático que existe, eu continuo a não entender essa desavença de que não se pode usar de forma espontânea um banheiro social da cidade. Democraticamente, usa quem quer. Quem não quiser, use o destinado ao sexo ao qual está autodeclarado e assim se acaba a peleja.

Afinal, nem os que são contra, nem os que defendem podem impor seus desejos. Cada um faz o que quer, dentro daquilo que acredita ser o melhor para si e para a sua família, e ninguém precisa brigar.

A solução é que sejam construídos banheiros para o sexo masculino, feminino e para os multigêneros. Tá bom vai ter um custo a mais na obra, mas a guerra acaba na hora.

Agora, se tem uma coisa que eu tenho ojeriza, são palavras como “todes” para relacionar o “todos” que define um conjunto de pessoas, sejam elas masculinas, femininas ou que se definam com outros sexos. Afinal, há mais definições que espaço nesta crônica para se escrever. E “todos”, desde tempos remotos, define todos os sexos.

 

Dimas Roque

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