Jejuar na sexta-feira Santa sempre foi uma reverência e não um castigo


A minha mãe, Regina Roque, que o Senhor Deus a tenha, sempre nos dizia que na sexta-feira Santa temos que jejuar. E jejuar para ela significava ficar sem se alimentar e sem tomar banho até ao meio dia. E que nenhum de nós, eu, meus irmãos e irmãs fizemos diferente do que estava sendo ensinado. Assim foi, e assim é até hoje. 

No dia de hoje é lembrado que a 1988 anos atrás, Pilatos lavou as mãos, e entregou a Jesus Cristo para a crucificação em uma cruz no meio de dois ladrões no que ficou denominado, Monte do Calvário. Ou como chamam os, no Gólgota. E foi aquele ato de renúncia de sua autoridade que definiu a morte de Jesus Cristo. 

Pôncio Pilatos, então governador da Judéia, tinha em suas mãos a oportunidade de fazer a verdadeira justiça contra alguém que estava sendo acusado injustamente, mas não a fez. Preferiu deixar de lado a sua responsabilidade. E isto não é justiça.

O que incomodou as lideranças religiosas da época foi a fácil comunicação que Jesus tinha com o povo. Para eles, que viviam de acordos escusos com o poder de Roma, aquele a quem se intitulava O Filho de Deus provavelmente tiraria a autoridade deles junto “as ovelhas”. E isto era inconcebível, como é ainda hoje. 

A lavada de mãos de Pilatos não foi por ouvir o povo clamando pela morte de um inocente, foi para não desagradar os religiosos hebraicos. Os mesmos que na noite anterior bateram nas casas dos pobres lhes oferecendo dinheiro para que no dia seguinte clamassem pela morte de um inocente. 

Isto não é diferente do que acontece hoje no Brasil. Quantas histórias e quantos Cristos pobres são injustamente acusados e condenados antes mesmo de terem um julgamento justo, acontecem na sociedade? Algumas até viram notícia em programas populares na Televisão. Não pelo fato em si, mas pela exploração da dor humana e o sensacionalismo que isto provoca. É garantia de audiência no chamado “mundo cão”. 

Lavar as mãos, passar pano e a mentira como forma de alcançar objetivos, se tornou a arma da injustiça. Desde os tempos de Cristo que a mentira e os julgamentos eram falseados para alcançar um objetivo. Da mesma forma acontece nos dias de hoje. 

A indignação contra estes fatos também aconteceu no passado pelo povo que aderiu ao Cristianismo. Assim deve ser hoje contra toda a forma de injustiça contra as minorias. 

Jejuar para mim na sexta-feira da Paixão é purificar-me dos pecados cometidos durante o ano. É o momento de refletir sobre injustiças.

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