O mar avança e o Velho Chico recua.

Dos cinco estuários de Sergipe...

Dos cinco estuários de Sergipe, um só era formado por grande rio que se encontrava com o mar e o empurrava por algumas milhas. Era o São Francisco, quando chegavam à sua foz mais de 2.000 m³/s de água doce. Há depoimentos de antigos navegantes referindo-se à coleta de água para beber que fizeram, em pleno oceano, onde a água salgada do mar recuava, empurrada pela força impetuosa de descarga do rio. Agora, acontece ao contrário: o rio recua e o mar avança. Dizem, pescadores nas águas escassas da outrora portentosa corrente, que o maior sinal de marés avançando rio a dentro é a chegada de siris até as praias de Brejo Grande, Ilha das Flores; também, já sendo vistos, no lado alagoano, até em Pão de Açúcar. Carlinhos, ex-prefeito de Ilha das Flores, teme, que sendo reduzida ainda mais a descarga, chegando, como já antecipam, até menos de 800 m³/s, sejam alcançados pela salinidade os perímetros irrigados do Betume e do Platô de Neópolis. Na DESO, sem fazer alardes, já elaboram projeções para a hipótese do avanço da salinidade até a captação da extensa adutora que abastece Aracaju.

Há sinais de melhoria nos reservatórios, desde Minas à Bahia, chuvas têm caído naquelas regiões, mas, o que se desconfia dessas surpreendentes mudanças climáticas, é que tudo parece tratar-se de um fenômeno que teria vindo para ficar.

A morte anunciada do rio não é previsão alarmista, trata-se, de uma realidade perfeitamente constatável. É uma tragédia enorme, que a realidade do dia a dia comprova.

Reverter esse processo, ou pelo menos tentar reduzir a velocidade da degradação, deveria ser objetivo comum de todos os estados que integram a bacia do Velho Chico, mas, nem do governo federal, nem dos governos estaduais surgiu, até agora, qualquer ideia consistente para ser transformada num projeto viável de salvação do Velho Chico.


Do Infonet.

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