A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Paranaíba (Codevasf) iniciou os trabalhos de desassoreamento de trecho do
rio Salitre – que nasce na localidade conhecida como “Boca da Madeira”, na
Chapada Diamantina, no município de Morro do Chapéu, e deságua no rio São
Francisco, na comunidade de Campo dos Cavalos, já em Juazeiro, a jusante da
barragem de Sobradinho.
Os trabalhos consistem na remoção de sedimentos,
principalmente areia, pedras e matéria orgânica que, por causa do acúmulo,
diminuem a profundidade de repositório de água – o que em rios como este,
obstrui o curso das águas e diminui a vazão.
A ação está sob a responsabilidade da 6ª Superintendência
Regional da Codevasf, sediada em Juazeiro e que atua na região norte da Bahia.
As obras estão concentradas inicialmente no trecho entre os
povoados do Junco e Goiabeira.
Nos serviços, o governo federal, por meio do Ministério da
Integração Nacional e da Codevasf, está investindo cerca de R$ 75 mil, recursos
oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro,
Alaôr Grangeon de Siqueira, “esta é uma antiga reivindicação das famílias
ribeirinhas do Salitre, que agora conseguimos viabilizar. Tudo convergiu para
que ainda neste ano, apesar das várias dificuldades que uma obra como esta
apresenta, a Codevasf iniciasse a sua execução, obedecendo, principalmente, a
todas as condicionantes ambientais requeridas”.
Para Ismael Carlos Barbosa de Jesus, presidente da
Associação de Moradores, Criadores e Agricultores de Pateiro, Salitre e
Vizinhanças (AMCAP), “há mais de 50 anos que os salitreiros (ribeirinhos do rio
Salitre) esperavam por uma obra como essa. Ela chegou em boa hora e conta com o
apoio e aprovação da população ribeirinha do Baixo Salitre”, garante.
O resultado esperado com a conclusão dos trabalhos é o aumento
da vazão do rio Salitre, que foi perenizado após a construção, pela Codevasf,
de duas adutoras no perímetro irrigado Salitre. O aumento da vazão vai ampliar
a oferta de água usada na irrigação por mais de 600 famílias de agricultores
que vivem às margens do rio. Elas sobrevivem do plantio de culturas de ciclo
curto, como melão, cebola e tomate, entre outras; e captam a água por meio de
sistemas simples de bombeamento ou por gravidade.
Solo rico
Segundo explica Almacks Luiz Silva, tecnólogo em Gestão
Ambiental pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) e presidente do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, essa bacia compreende os municípios de Morro
do Chapéu, Várzea Nova, Miguel Calmon, Umburanas, Jacobina, Mirangaba, Campo
Formoso e Juazeiro. Da nascente à foz são aproximadamente 333 quilômetros de
extensão.
Ele afirma que o solo da região do Salitre é um solo
originário do granito e calcário, com excelente permeabilidade, indicado para
atividades agrícolas e pecuárias – especialmente à criação de caprinos. Próximo
ao leito do rio e na sua foz, o solo possui alta fertilidade natural e é
indicado para irrigações.
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