Há Algo Errado (Paula Marcondes).


De todas as curiosidades que tenho na vida, e olha que tenho muitas, entender o ser humano é de longe a primeira no topo da lista. Acredito que me tornei jornalista exatamente por isso. Observar, ouvir lados diferentes da mesma história e narrar fatos me ajudam não só a ver o mundo, como compreendê-lo e, consequentemente, entender meu lugar nele.

Dito isso, divido aqui o que ouvi durante esses dias de tão sombria tragédia das chuvas. Dessas águas de janeiro que insistem em nos lembrar, entrada de ano após entrada de ano, o quanto estamos longe de colocar em prática o verdadeiro sentido da palavra comunidade.

Dois fatos isolados mexeram comigo.

O primeiro, uma senhora, em um elevador qualquer, opinando que as pessoas merecem passar o que estão passando porque sabiam muito bem que a região em que moram é de risco.

O segundo, ver um companheiro fazer uma doação para os desabrigados e ser duramente criticado pelo simples motivo de não o ter feito de forma anônima

Observei. Fiquei incomodada. Refleti. E a única resposta que me vem é: Há algo errado.

Por que mostrar publicamente um bom exemplo passa a ser visto como algo negativo? Não precisamos de exemplos? Por que uma pessoa consegue banalizar uma tragédia de tal forma que culpa suas vítimas? Qual o verdadeiro significado da palavra companheir@?

Comunidade só nasce a partir do saber se colocar no lugar do outro. Simples. Ao menos deveria ser.

Esse texto não tem conclusões. Na verdade, busca respostas. Por isso, contra todas as regras dos manuais de redação, encerro com uma pergunta: Como a militância virtual pode virar uma verdadeira comunidade participativa e solidária?

Paula Marcondes

Twitter: @paulafmar

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