Lula joga truco e deixa tio Sam no vácuo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio à escalada de atritos comerciais e políticos entre os dois países. Durante evento em Recife, nesta quinta-feira (14), Lula afirmou que o Brasil “não vai ficar de joelhos” diante das pressões de Washington e acusou Trump de distorcer dados sobre a relação comercial bilateral.

A declaração foi uma resposta direta à fala de Trump, que classificou o Brasil como “péssimo parceiro comercial” e justificou a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como retaliação. Lula rebateu, dizendo que os EUA têm lucro nas trocas com o Brasil e que as críticas escondem motivações políticas, incluindo a defesa pública de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe.

“É mentira dizer que o Brasil prejudica os Estados Unidos. Nosso comércio é vantajoso para eles. O que não vamos aceitar é ameaça e chantagem”, afirmou Lula, diante de uma plateia que incluía lideranças políticas e comunitárias. O presidente também aproveitou para reforçar que o processo contra Bolsonaro é conduzido pelo Judiciário de forma independente, rebatendo insinuações de perseguição política.

A tensão diplomática ganhou contornos mais amplos após o cancelamento de reuniões bilaterais e a suspensão de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal por parte do governo norte-americano. Para Lula, a postura de Trump ameaça uma relação de mais de dois séculos entre os países e pode transformar um histórico de cooperação em um cenário de “perde-perde” para ambas as nações.

Analistas avaliam que o embate vai além das tarifas e reflete uma disputa por protagonismo geopolítico. Enquanto Trump acena para sua base interna com medidas duras contra parceiros comerciais, Lula busca projetar o Brasil como ator soberano, disposto a negociar, mas sem abrir mão de sua autonomia.

Nos bastidores, diplomatas brasileiros tentam reabrir canais de diálogo, mas reconhecem que o clima é de incerteza. Para o Planalto, a estratégia é manter a pressão pública e, ao mesmo tempo, explorar apoios no Congresso e no setor empresarial norte-americano para reverter as tarifas.

Seja qual for o desfecho, o episódio já entrou para a lista de momentos mais tensos da diplomacia recente e pode influenciar não apenas a economia, mas também o tom da política externa brasileira nos próximos anos.

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