Governo aposta no GNV como ponte para transporte limpo no Nordeste

A recente suspensão da circulação dos 15 ônibus elétricos de Aracaju, determinada pelo Tribunal de Contas do Estado, abriu espaço para um novo capítulo na discussão sobre mobilidade sustentável no Brasil. Enquanto a prefeitura cumpre a decisão e aguarda a retomada da licitação do transporte coletivo, o governo federal reforça que a transição para uma frota menos poluente não está em risco apenas ganha um caminho alternativo.

A estratégia defendida por Brasília é clara: ampliar o uso do Gás Natural Veicular (GNV) como solução imediata para reduzir emissões e custos operacionais, especialmente em capitais e regiões metropolitanas do Nordeste. O argumento é pragmático. O GNV já conta com infraestrutura consolidada, abastecimento estável e custo por quilômetro rodado inferior ao do diesel, permitindo que empresas de transporte renovem suas frotas sem repassar aumentos expressivos à tarifa.

Fontes do Ministério de Minas e Energia destacam que o plano não abandona a eletromobilidade, mas reconhece que a adoção em larga escala exige tempo, rede de recarga robusta e incentivos financeiros consistentes. “O GNV é uma ponte segura para chegarmos ao transporte de emissão zero, sem paralisar investimentos nem comprometer o serviço à população”, afirmou um técnico da pasta.

No caso de Aracaju, a substituição gradual de veículos a diesel por modelos movidos a gás pode garantir ganhos ambientais imediatos, como a redução de material particulado e óxidos de nitrogênio, além de menor ruído urbano. Para o governo, essa abordagem híbrida, combinando GNV no curto prazo e elétricos no médio e longo prazo, preserva empregos, mantém a previsibilidade para operadores e assegura que a pauta climática avance mesmo diante de impasses jurídicos.

A disputa entre narrativas, de um lado, a defesa da frota elétrica como símbolo de modernidade; de outro, o GNV como solução viável e escalável, revela mais do que um embate tecnológico. Trata-se de alinhar sustentabilidade, economia e governabilidade. E, nesse tabuleiro, o governo brasileiro aposta que a transição verde precisa ser tão realista quanto ambiciosa.

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