A estratégia defendida por Brasília é clara: ampliar o uso do Gás Natural Veicular (GNV) como solução imediata para reduzir emissões e custos operacionais, especialmente em capitais e regiões metropolitanas do Nordeste. O argumento é pragmático. O GNV já conta com infraestrutura consolidada, abastecimento estável e custo por quilômetro rodado inferior ao do diesel, permitindo que empresas de transporte renovem suas frotas sem repassar aumentos expressivos à tarifa.
Fontes do Ministério de Minas e Energia destacam que o plano
não abandona a eletromobilidade, mas reconhece que a adoção em larga escala
exige tempo, rede de recarga robusta e incentivos financeiros consistentes. “O
GNV é uma ponte segura para chegarmos ao transporte de emissão zero, sem
paralisar investimentos nem comprometer o serviço à população”, afirmou um
técnico da pasta.
No caso de Aracaju, a substituição gradual de veículos a
diesel por modelos movidos a gás pode garantir ganhos ambientais imediatos,
como a redução de material particulado e óxidos de nitrogênio, além de menor
ruído urbano. Para o governo, essa abordagem híbrida, combinando GNV no curto
prazo e elétricos no médio e longo prazo, preserva empregos, mantém a
previsibilidade para operadores e assegura que a pauta climática avance mesmo
diante de impasses jurídicos.
A disputa entre narrativas, de um lado, a defesa da frota
elétrica como símbolo de modernidade; de outro, o GNV como solução viável e
escalável, revela mais do que um embate tecnológico. Trata-se de alinhar
sustentabilidade, economia e governabilidade. E, nesse tabuleiro, o governo
brasileiro aposta que a transição verde precisa ser tão realista quanto
ambiciosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário