A frase infeliz de Lula (“ainda bem que a natureza criou o
coronavírus, etc,etc,etc”) é extremamente reveladora, mas não da essência do
emissor, sobre o qual nunca pairou nenhum tipo de desvio humanitário.
Lula é e sempre foi um humanista pautado pela política de
solidariedade, nos discursos e nas ações, ancorado na força do Estado como
agente financiador de mudanças. Em dois mandatos como presidente da República,
ele fez do desenvolvimento econômico do Brasil de então, o maior da história
republicana, um ponto de partida para tirar o País do mapa da fome mundial,
resgatar 40 milhões de pessoas da pobreza e garantir que cada brasileiro
tivesse, ao fim de seu governo, três refeições diárias.
É preciso ser um ignorante absoluto sobre a história de Luiz
Inácio Lula da Silva para interpretar uma frase mal construída como expressão
de pensamento, em si. A alternativa, como rapidamente se pôde notar, foi a
interpretação de má fé, opção adotada, de imediato, pelos arautos do universo
antipetista: bolsonaristas, isentões, sabujos da mídia e ressentidos em geral.
Na mídia, a fala de Lula caiu como uma luva para o modelo de
narrativa com a qual se pretende, em 2022, finalmente recolocar no Palácio do
Planalto um tucano – embora, não necessariamente, do PSDB. Nessa moldura,
Bolsonaro e Lula são antípodas do mesmo mundo bizarro, cada qual com suas
loucuras extremistas, daí a necessidade de se buscar uma opção alegadamente
moderada, de preferência, um ex-juiz capacho da TV Globo – ou um apresentador
da emissora, se tudo der errado.
Comparar uma fala desastrada de Lula, um estadista
reconhecido e admirado por todo o mundo civilizado, com o esgoto diário que
transborda da boca imunda do demente que ora nos governa é, antes de tudo, uma
opção pelo mau-caratismo.
Por: Leandro Fortes.
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