O forte de Pernambuco não é oferecer bons ministros ao
Ministério de Minas e Energia (para outros ministérios deixo você decidir). Nos
últimos 20 anos dois políticos do Estado figuraram como ministros desta pasta,
tão estratégica e importante para o país . Este ministério, como outros, tem
sido usado como “moeda de troca” na politicagem da chamada “governança”. Já foi
feudo do PFL/DEM, depois do PMDB, e com passagem do PT. Pessoas sem nenhum
vínculo com a área, e sem conhecimento de causa tem sido nomeadas.
Ministro, entre março de 2001 e março de 2002, em plena
crise do desabastecimento de energia, quem não se lembra de José Jorge
(DEM-PE). Um verdadeiro fantoche. Em pleno gozo, na cadeira de ministro, se
sujeitou a que uma outra pessoa, comandasse as ações do Ministério, o então
Chefe da Casa Civil da época (atual presidente da Petrobrás), Pedro Parente.
Virou chacota para a grande imprensa do país. Além de imporem, com o apagão
elétrico da era FHC, um prejuízo de R$ 45,2 bilhões, segundo relatório aprovado
pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Agora no cargo, um outro personagem completamente
desconhecido do setor energético, e mesmo da política nacional, o deputado
federal do PSB, Fernando Bezerra Coelho Filho. Sem entrar no mérito de como se
deu sua indicação, em pleno processo de angariar votos pelo impeachment da
presidente Dilma Rousseff, caiu em seu colo um Ministério no (des)governo
Temer. Diga-se de passagem, contestado por amplos setores da sociedade
brasileira.
De tradicional família sertaneja, os Coelhos do município de
Petrolina (Pernambuco), é filho de um senador da república. Esta família por
décadas domina a região, com mão de ferro, com seus descendentes sempre
ocupando cargos em governos, não importando o viés ideológico. Transitam no
amplo espectro politico da direita, a esquerda. Sem nenhum constrangimento, a
frase “Hay gobierno, soy gobierno” cai muito bem a esta família.
O atual ministro do MME é um títere de empresas, e de
setores organizados do empresariado nacional e internacional, cumprindo um
papel de mero coadjuvante, um borbônico no meio energético. Todavia tem amplo
respaldo do chamado “mercado”. E age, e governa, em função dos interesses do
capital.
Diante dos energúmenos personagens atuais, Pernambuco se
ressente de figuras ícones como Frei Caneca, Paulo Freire, Dom Helder Câmara,
Josué de Castro, Francisco Julião, Miguel Arraes, Pelópidas da Silveira, entre
outros.
Por Heitor Scalambrini Costa é Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco.
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