Na tarde da terça-feira 22 um assessor do vice-presidente da
República, Michel Temer, Márcio Freitas, fez uma ligação urgente para a redação
em Brasília de Época, revista semanal da Editora Globo. Do outro lado da linha,
o diretor da sucursal, Eumano Silva, ouviu a informação de que circulava um
zunzunzum entre alguns repórteres da capital: a Polícia Federal havia
localizado nos autos da Operação Monte Carlo interceptações telefônicas nas
quais Silva e Idalberto Matias Araújo, o Dadá, combinavam a publicação de uma
reportagem contra uma concorrente da Delta Construções, a empreiteira-mãe da
quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Freitas informou ainda a Silva sobre a suspeita de que as
informações colhidas pela PF haviam vazado para Carta Capital. “Há o boato de
que você está sendo demitido por isso”, disse o assessor de Temer ao chefe da
sucursal de Época. “Eu não sei de nada, continuo diretor”, respondeu Silva,
segundo relato do próprio Freitas.
A essa altura você já deve ter se perguntado sobre o motivo
do interesse de um assessor do vice-presidente em conferir com o diretor de
Época a veracidade ou não de um boato sobre suposta reportagem de revista
concorrente. Simples: desde o início de maio, Temer tornou-se uma espécie de
mensageiro da família Marinho. O vice de Dilma Rousseff tem ouvido e repassado
os recados do grupo que comanda a Globo ao governo e aos integrantes da CPI do
Cachoeira. E que pode ser resumido em um ponto: a mídia não pode virar alvo na
CPI. Como naquelas brigas de gangue, vale o ditado “mexeu com um, mexeu com
todos”. Isso inclui deixar de fora a mais explícita das relações do bando de
Cachoeira com os meios de comunicação: aquela estabelecida com a revista Veja.
Leandro Fortes, é Jornalista da Revista Carta Capital.
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