Quem te viu (Sócrates Santana)


Escorado, achincalhado e ressuscitado: Fernando Henrique Cardoso. O reaparecimento público do ex-presidente sintetiza o desespero do PSDB. O tripé das fases tucanas demonstra o caráter de um partido sem sentido, projeto e, portanto, sem discurso. O retorno – sempre pretensioso - do “jarro chinês” dos tucanos só veio à baila para revelar o samba de uma nota só que virou o mantra da oposição no Brasil.
O velho papo démodé e neoliberal dos tucanos, como diz o meu irmão, “não come mais ninguém”. Ainda mais vindo de um ex-presidente antiquado, fora de moda e escondido no cantinho da sala de Geraldo Alckmin. FHC é para os brasileiros, o que é José Serra para os paulistanos: passado. E não adianta enviar e-mails para o pseudo-intelectual Marco Antônio Villa espernear no rádio. FHC é uma página virada e - por muitos - um livro apócrifo. E podem incluir nesta lista muitos tucanos.
Pernóstico, arrogante e prolixo, após 10 anos longe da presidência, FHC atrai para a candidatura de Aécio Neves, tanto adeptos quanto desafetos, dentro e fora do partido. Em entrevista no início deste ano, o próprio afirmou no esnobe inglês dele para a revista inglesaThe Economist, que em 2002 - quando o partido escolheu José Serra para a presidência - ele (FHC) “estava cansado de exercer a liderança política”.
O empoeirado ex-presidente ressurge do baú do esquecimento. E usa os holofotes apagados de outrora – primeiro - para choramingar a cartilha privatizante do FMI, que recai atualmente sobre a Grécia e o resto da Europa: “Nós modernizamos isso, nós integramos aquilo”. E, por fim, a mais repetida de todas as canções: “Nós fizemos o Plano Real”.
Por fim, o ex-cansado e adormecido ego, resolve desenterrar também junto com o seu discurso carcomido as suas inesquecíveis frases de efeito, como a incrível negação de si mesmo: “Esqueçam o que eu disse, esqueçam o que escrevi”. Nada mais apropriado para quem defendeu por tantos anos de governos petistas o anonimato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Hoje, FHC defende que o “PSDB ao longo de 2013”, veja bem, “mais escute do que diga”. É ou não é a piada do ano? Ou seja: duas missões impossíveis, pois, são duas características bastante opostas do partido e de quem propõe. Escutar e dizer: essa não é uma missão para FHC e o PSDB. Ambos, preferem decidir do quê negociar; reprimir do quê dialogar.
Mas, “nosso samba ainda é na rua”, já diria Chico Buarque. Com camisa ou não, “quem jamais esquece” a repressão dos povos indígenas na Costa do Descobrimento, o Massacre de Eldorado dos Carajás, a privatização da Vale do Rio Doce e da Telebrás, “não pode reconhecer” o valor de qualquer crítica oriunda de um tucano.
Sócrates Santana - Jornalista.

Nenhum comentário: