O mal amado.

O candidato tucano à presidência, José Serra, banaliza as promessas nessas eleições. De maneira leviana, o ex-governador de São Paulo estabelece sem consistência alguma, salário mínimo de R$ 600,00, aumento de 10% aos aposentados do INSS e ampliação do Bolsa Família. Ou seja: projeções meramente eleitorais, dotado de uma dose populista irresponsável.

O diário da família Frias Filho, a Folha de São Paulo, fez reportagem que apresenta o orçamento necessário para a execução das metas eleitorais de José Serra. São R$ 46,2 bilhões adicionais já em 2011: R$ 17,1 bilhões para o mínimo, R$ 15,4 bilhões para aposentadorias e R$ 13,7 bilhões para o Bolsa Família.

Sem dizer como irá multiplicar os recursos da União para tantas promessas, o demotucano promete investir uma vez e meia de tudo o que a União investiu em infraestrutura - estradas, portos, aeroportos e outras obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - em 2009. Ou, em outros números, 2,5% do orçamento federal para este ano.

A motivação eleitoral é óbvia. Serra enfrenta o desafio de concorrer com a candidata petista, Dilma Rousseff, ungida pela popularidade inédita de um presidente que, em oito anos, de fato logrou transferir renda para as camadas mais pobres e incluir milhões de pessoas no mercado de trabalho.

As promessas de José Serra comprometem uma fatia incomensurável da receita, porque, retira a capacidade de investimento do Estado e empenha as finanças públicas. Se eleito, o tucano pode reeditar uma das duas célebres obras do dramaturgo Dias Gomes: “O Pagador de Promessas” ou “O Bem Amado”.

No primeiro, o protagonista Zé do Burro, carrega uma cruz até uma igreja de Salvador para cumprir solenemente uma promessa. No segundo, o prefeito fictício, Odorico Paraguaçu, promete nas eleições locais a construção de um suntuoso cemitério. Após o pleito, afunda todos os recursos da administração municipal na vala superfaturada da necrópole. Em qual das duas peças o leitor aposta que a campanha de José Serra foi inspirada?

Por Sócrates Santana.

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