VIOLETA PORRA

Marina Torres era uma mulher intensa. Filha de paraguaios, conhecida pelas praias da orla de Natal (RN). Carregava sempre um violão debaixo do braço e vivia cantando nas barracas da Praia dos Artistas, fazendo amizades e registrando presença por onde passava. 

Tinha um jeito louco, sisudo, meio indomável- dessas figuras que parecem saídas de um romance marginal. Por sua aparência e presença forte, muitos diziam que lembrava a famosa cantora chilena Violeta Parra. O apelido pegou: Trocaram o "Parra" pelo "Porra", e assím surgiu a lenda urbana "Violeta Porra".

Durante os anos 80 e 90, foi figura marcante e folclórica de Natal, lembrada com carinho por Todos que cruzaram seu caminho.

A primeira vez que a chamaram de Violeta Porra foi numa farra improvisada na Praia dos Artistas. O Boy da Praia, impressionado com sua entrega e sem conseguir lembrar direito o nome da cantora chilena gritou: 

_Canta Violeta Porra!

Todo mundo riu. Ela também. No outro dia, já era o novo nome gravado e comentado de boca em boca na Barraca da Marlene ( a barraca de praia mais famosa do pedaço).

Violeta Porra tinha uma amizade conturbada com o Boy da Praia (alcoólatra funcional  que perambulava pelas praias atrás de quem pagasse uma dose de cachaça pra ele). Discutiam feio mas toda noite faziam as pazes dividindo um cigarro e cantando juntos " gracias a lá vida " com vozes roucas e bêbadas. 

No fim dos anos 90, simplesmente Violeta Porra sumiu. Dizem que partiu para o Maranhão, outros dizem que voltou ào Paraguai. Uma versão mais romântica fala que pegou carona num barco de pescadores e foi cantando até Cuba. Nunca mais foi vista. 

Mas, até hoje, quem caminha pela Praia dos Artistas nas madrugadas vazias, jura ouvir de longe uma voz rouca, cantando com o vento:

" Gracias a lá vida...que me há dado tanto..."

Por: Jorge Papapá.

Fonte: Grupo Natal Não Há Tal.

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