Foi apenas um dia comum em que nós acordamos e percebemos —
com a lucidez de quem cansou de sobreviver — que estar vivos e com saúde já era
mais do que suficiente.
Então fizemos um pacto silencioso:
parar de sair de casa como se estivéssemos indo resolver
problemas, e não viver a própria existência.
Vestimos o que nos fazia sentir inteiros.
Era só uma roupa limpa, que respeitava nosso corpo e
lembrava quem ainda somos por dentro, mesmo depois de tantos cansaços.
Saímos pela porta com a cabeça erguida.
Não havia plateia, e isso pouco importava.
O mundo não precisava nos aplaudir. Nós estávamos presentes.
E essa foi a grande virada:
Perceber que não se trata do que vestimos, mas de como
escolhemos estar.
Não usamos mais as roupas de sempre.
Usamos presença. Decisão. Autenticidade.
Porque passamos anos guardando o melhor para ocasiões que
nunca chegavam.
Esperando por convites, sinais ou permissão.
Hoje não esperamos mais.
Aprendemos que o agora é o único palco real.
E que a vida não manda avisos quando decide ser
inesquecível.
Por isso, desde aquele dia, fizemos um trato:
– Não vestiremos pressa.
– Não usaremos desânimo como uniforme.
– Não sairemos mais para cumprir dias. Sairemos para
honrá-los.
Se nos perguntarem para onde vamos assim — com brilho no
olhar e dignidade no passo — responderemos, sem pressa:
“Vamos viver. E desta vez, vamos prontos.”
Por: Luciano Júnior.
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