De tempos em tempos escritores e diretores de cinema revisitam a história. No Brasil no ano passado, 2021, tivemos o filme Mariguella do ator e diretor Wagner Moura que conta a militância política do guerrilheiro que enfrentou a ditadura sem nunca perder a ternura. Inicialmente o filme teve dificuldades em sua distribuição e foi acusado, pela extrema direita do Brasil, de panfleto da esquerda. Na verdade, os fatos apresentados na telona são a pura verdade de um período em que o país esteve submergido a ditadura militar.
E é sobre ditadura militar que
o filme Argentina, 1985, retrata de forma emocionante tudo o que aconteceu
naquele país após a saída dos militares do poder e com a chegada da democracia
por lá.
Com forte apelo emocional,
daqueles que nos faz encher os olhos de lagrimas à medida que as cenas vão
contando a história dos dois promotores, Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo. Eles foram os escolhidos para investigar e processar os principais generais argentinos que
comandaram com mão-de-ferro a ditadura por lá.
Os dois tiveram muita
dificuldade em formar uma equipe de promotores. Já que a cada nome que
pensavam para ajudar no trabalho, logo se ouvia “é fascista” e iam descartando um a um. O que lhes
restou foi montar uma equipe de jovens advogados sem experiência alguma, mas
com a vontade e a determinação de processar e condenar os responsáveis pela morte de milhares de
argentinos em nome de uma suposta guerra contra o comunismo.
As interpretações de Ricardo
Darín e Peter Lanzani como os promotores Julio Strassera e Luis Moreno Ocampo, foram
de uma qualidade que merecem ser indicados ao Oscar na categoria de ator
principal e coadjuvante.
Lá com Argentina, 1985. Aqui
com Mariguella. E no Uruguai com Uma Noite de 12 anos, que conta o suplício de Pepe Mujica e
alguns companheiros nas prisões do país, a era dos extremos começa a ser contada
sem que se tenha medo da censura. Os diretores, autores a até mesmo os atores
envolvidos nesses projetos, merecem ser aplaudidos de pé. Eles estão sendo importantes
para que as novas gerações possam tomar conhecimento do que foi, em cada país,
suas ditaduras militares.
Ver Argentina, 1985 é uma
obrigação aos que querem conhecer a história por dentro do processo que colocou
os militares de lá na prisão.
Aqui no Brasil, por conta da
Lei da Anistia Geral e Irrestrita, os militares responsáveis por torturas e
assassinatos no período sangrento de 1965 a 1985, se livraram de julgamentos e possíveis
prisões e alguns desses ainda hoje aparelham o governo atual de Jair Bolsonaro.
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