SENTADO SE NÃO CANSA (Do Livro Quando o Amor Incomoda)

Imagem ilustrativa

Eu já havia passado por muitos problemas amorosos na vida, mas um dos que mais me desnortearam foi o que passei com a Morena. Magra, corpo escultural e lábios sensuais. Para definir melhor o que era essa deusa, ela é uma mulher lindíssima. Daquelas que todo homem desejaria namorar. E Babem, está sempre ao meu lado. Sim, isso mesmo, sempre ao meu lado.

Pois não é que essa coisa de “sempre ao meu lado” durou dois anos e meio. E eu, como todo abestalhado esperando que ela sinalizasse em minha direção, mais do que eu já tinha. Parecia até que eu queria ser guarda de transito e especialista em sinais. Homem é um bicho abestalhado mesmo. Fica um tempão arretado desse e se mantém fiel ao sentimento no seu coração. Não se importando com nenhuma outra mulher que apareça em sua frente. Já delas, meu amigo, não espere que isto ocorra, são pragmáticas, mudam conforme o momento que se apresenta a frente. Mas vou contar aqui a vocês tudo o que aconteceu, desde o início.

Era uma noite de lua cheia quando a encontrei em uma festa. Uma amiga em comum veio com ela ao meu encontro. Queria me apresentar àquela morena. De imediato. Pausa para um comentário:

- Homem é tudo besta, basta ver uma mulher linda e eles logo ficam interessados.

Voltando ao que interessa. Pois Mané tem pra tudo. Daquele dia em diante, nos encontramos varias vezes, sempre acompanhada da minha amiga. Ela mostrava um interesse a mais do que só construir uma amizade entre nós. No principio de tudo achei que devia manter uma distância, para saber se o que ela evidenciava em olhares era mesmo algo mais sério. E o tempo, sempre ele, trabalhando a favor de que algo poderia vir a acontecer. Confesso que em alguns momentos até investi nos olhares e correspondi algumas vezes. Parávamos por longos segundos olhando um nos olhos do outro. E como todo bom homem sabe, um olhar demorado e correspondido é o sinal de que algo existe entre duas pessoas normais. E não é só amizade.

Um dia ao ver aquela garota na rua, fui ao encontro dela, e quando estávamos sós os dois, lhe dei um abraço carinhoso que só quem ama sabe o que é receber. Naquele momento combinamos, eu e ela, de chamar a nossa amiga para passarmos a noite juntos. E isto aconteceu! Saímos, andamos pela cidade como três crianças, e éramos mesmo três jovens a brincar e sermos felizes. Depois de perambularmos pelas ruas de nossa cidade resolvemos retornar para minha casa. Eu já morava sozinho naquele tempo. Elas decidiram que passariam a noite comigo. E nem adianta você ir imaginando coisas antes de ler o que vou contar. Muita calma aí. Depois de uma noite de risos, muitas histórias contadas e brincadeiras de crianças. E éramos mesmo! Dormimos feito pedra ao relento.

Na manhã seguinte, ao acordarmos, a sensação, ao menos para mim, era a de que estava vivendo um momento mágico. Tomei banho primeiro que as duas e fui fazer o café. Você sabe como é para agradar elas, nós fazemos de tudo. E fazer o café era um ato de estremo carinho naquele momento. Feito, retornei para a sala onde a Morena estava deitada no sofá. Nossa amiga pediu uma tolha e se dirigiu ao banheiro. Neste momento, ouvi do meu amor, que estava sentindo dores nas costas. Pronto, era a senha! E lá fui eu a ficar de joelhos. O que não fazemos para conquistar a quem queremos. Peguei um dos lençóis, levantei o vestido dela ate a cintura, a cobri em forma de respeito, e isto foi verdadeiro, comecei a massagear suas costas. Logo ouvi que seu Cóccix, o osso da parte inferior da coluna vertebral, que popularmente a turma chama de “micula”, estava doendo muito. Desci as mãos e comecei a massagear. Olhei o rosto dela e vi um sorriso largo, de quem estava satisfeita por aquele momento. Abaixei um pouco sua calcinha, coloquei as mãos dentro e fiz massagem em suas nádegas. Estava receoso do banho de nossa amiga terminar. Enquanto o chuveiro não deixava de chorar água, eu a toquei com carinho. Mas era massagem mesmo. Podem acreditar. Quando percebemos que a porta do banheiro estava abrindo, parei e sentei com cara de otário, de cachorro em frente de uma daquelas assadeiras de galetos. Babando, mas sem ter acesso a carne. E acreditem, eu toquei lá!

Vieram outros dias e outras noites juntos, sempre os três feitos um só.

Em uma dessas noites, a nossa amiga pediu uma massagem. Confesso que eu nunca soube se elas falaram do ocorrido. O certo é que achei a proposta interessante e massageei o corpo da amiga todo.

Eu já até pensei em montar uma casa, só para prestar este serviço, de tão profissional que me tornei.

Ao terminar o trabalho na primeira, comecei em seguida pelos pés da Morena. E enquanto o tempo passava e eu a tocava. Massageava para ser mais exato. Eu via no rosto dela que algo estava diferente, e muito mais forte. Aí, eu senti meu coração palpitando mais, meu corpo esquentou feito fogo e então toquei seu sexo sem querer, podem acreditar, foi mesmo involuntário, e ainda pedi desculpas por isto.

Mais uma vez me penitencio por ter sido tão idiota.

Ela nem respondeu. Na seqüência, seus olhos estavam tão abertos e demonstrando sentir um prazer que poucas vezes vi no rosto de outra pessoa. Aquele era o momento certo para eu investir e ter em minhas mãos o fruto do meu desejo. Mas não, eu descobri que tenho um enorme defeito. Eu a respeitei!

Certo, você está mesmo certo ao me esculhambar de todas as formas, só não vale de viado, aí seria demais, o resto vale que aceito, pois sou tudo isto e muito mais um pouco.

Outros dias vieram. Em outras noites estivemos juntos e eu sempre achando que o momento deveria ser no tempo dela. E ela não sinalizava. E eu sentindo que estava ultrapassando os limites da Morena.

Sabe aquela coisa de ser respeitador? Pois ouça um bom conselho, seja! Nunca jogue o seu caráter ao chão só porque você espera de alguém um sinal de que pode ir além de um carinho. Mesmo que isto signifique levar anos de espera. Se der certo, tudo bem! Se não acontecer, porque ela prefere a aventura da química, tudo certo também.

E por falar em química da atração. Nestes anos todos de vivência, desconheço um relacionamento duradouro de quem se entregou rápido demais. Então, como dizia meu velho e amado Pai, “sejis homi”. Porque de mau caráter o mundo ta cheio.

Como eu não investia, de forma abusiva, percebi que ela começou a se afastar de mim. Os carinhos já não me eram permitidos fazer. Quando eu ia acordar aquele corpo lindo, com beijos e carinhos, percebi que já não era bem vindo junto ao corpo dela, que antes me recebia com ardor. Eu que, por muitas manhãs, acariciei suas cochas, toquei seu corpo, agora não mais estava podendo fazer.
Certo dia, quando eu estava beijando seu pescoço, ouvi dela:

- Tá bom, não quero mais!

Deste dia em diante, mesmo continuando amigos até hoje, vi a quem amo desde jovem se afastar de mim. A nossa amizade é eterna. Somos como “Três Em Um” só corpo e pensamentos. Ainda saímos para curtir as noites. Vamos aos forrós da vida. Dançamos com sorrisos nos rostos. Felizes e sabendo que um dia, sim, um dia, vamos seguir por mundos diferentes. Mas enquanto isto não acontece, nós três somos feliz juntos. É claro que eu gostaria de ter aproveitado aqueles momentos íntimos com mais sexualidade. Mas, como falei anteriormente, fiz a opção de cuidar dela e não ser só mais um dos que a usaram ou usam atualmente. Eu dou conselhos, mas eles nunca parecem servir. Ela é uma linda amiga que tenho e que amo.

Quero agora chamar a atenção de você que lê este conto, neste momento. Preste bem atenção ao que eu vou dizer.

- Se você quer amar de verdade, cuide! Se você quer uma aventura, se jogue e use cada momento vivido como se fosse o ultimo, pois eles não voltam. Nesta segunda opção, não se preocupe, use e abuse da parceira. Porque o que vale é só a química que exala por entre as partes mais intimas dela.

Eu como cansei de esperar, e aprendi, pouco, mas aprendi que na física, para cada ação há uma reação. Como vi o tempo passar e ela seguir outros rumos no coração. Eu mesmo ainda a amando, comecei a dar aula de massagem a outra amiga. Não podemos viver sozinhos. Afinal, amigas é para essas coisas e outras tantas mais.


Dimas Roque.

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