Todos sabiam que ACM era um vice-rey
e ele ditava os nomes de candidatos a governador do Estado e o vice, a
Senadores e definia áreas em favor dos candidatos a Câmara Federal e à
Assembleia Legislativa, até mesmo nos Municípios, em ordem inversa, ele era
consultado quem deveria sair candidato a prefeito. Quem dele discordasse
recebia uma rasteira.
Na sociedade brasileira os
valores democráticos residem em ordem inversa.
Os votos estão na nas bases, nos municípios,
pois, quem elege o presidente da
república e o vice, o governador e o vice, os senadores e deputados são os
eleitores (Art. 14 da CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante). A nossa democracia é representativa em face do
processo de escolha dos governantes. Como quem mantém o diálogo direto povo X
Estado são os prefeitos e vereadores, no processo de escolha de candidatos,
houvesse princípio republicano a se preservar, deveria estes ser ouvidos e suas
opiniões teriam peso maior no processo de escolha de candidatos, o que não
acontece.
Pois bem. O vice-rey ACM partiu.
Não sei se para o céu, purgatório ou o inferno. Falecido ele, se pensou que as
práticas políticas restariam sepultadas e uma nova ordem surgiria na Bahia de
Todos os Santos e de Nosso Senhor do Bonfim a partir da eleição de Jaques
Wagner, repousando na democracia plena e no processo de mudança permanente nas
bases de cada partido político, o que não aconteceu.
Mudam as siglas e as pessoas e as
práticas políticas são as mesmas e a democracia brasileira a cada ciclo retoma
o caminho do avacalhamento, das pessoas acima dos partidos políticos. Ai se
repete contratações pelos REDAS, licitações de obras faraônicas, estradas
permanentementes em manutenção e outras
situações assemelhadas que eram práticas no vice-reinado de ACM.
Não se pode negar que a substituição do
vice-rei ACM pelo vice-rei Jaques Wagner teve resultados positivos. Pelo menos depois das eleições do último, as
estradas intransitáveis receberam tratamento adequado e rumamos pela Bahia com
um conforto que não fazia parte do legado do PFL-DEM. Diariamente vemos
máquinas e homens trabalhando na BR 110 no trecho PAF-Catu (SSA) e não sei se
uma preocupação de não se permitir na estrada com um só buraco ou fonte de
negócios permanentes para os empreiteiros. Fico na 2ª hipótese.
Não vou fugir do assunto.
Fazendo a leitura do jornal A
Tarde, edição de ontem, sábado, 02.11, me deparei com a notícia da inauguração
da “Via Expressa” que se constitui uma ligação direta entre o Porto de Salvador
com a BR 234, embora seu alcance vem a ser muito além do que inicialmente
imaginado. Para que se tenha uma ideia do impacto positivo na entravada
Salvador, transcrevo texto da Tribuna da Bahia, título “Via Expressa cria novas rotas entre bairros de Salvador e áreas
comerciais”, de 28.10.2013:
“Inicialmente planejada para
disciplinar o transporte
de cargas pesadas que chegam ou saem do Porto de Salvador, com a criação de uma
ligação direta formada por quatro faixas exclusivas entre a BR-324 e o
terminal, um dos principais do país em movimentação de containers, a Via
Expressa vai além, beneficiando o tráfego urbano com a criação de seis faixas
de trânsito, viadutos, túneis, ciclovia, passarelas e passeios.
A Via Expressa vai desafogar as Avenidas
San Martin, Bonocô e Suburbana, que ficarão livres do tráfego pesado que tem
como destino o bairro do Comércio, e ainda criar rotas que facilitarão a vida
dos motoristas no deslocamento entre bairros, diminuindo o tempo e,
consequentemente, os acidentes de trânsito.”
Já na inauguração da Via Expressa
com a presença da Presidente Dilma, o vice-rey Wagner fez referencia de que a
obra seria uma criação de tal Rui Costa e ai eu indaguei a mim mesmo: Quem será
o tal Rui Costa? Será um grande “arquiteto soteropolitano” (arquiteto de
salvador) que pensou em intervenções urbanísticas profundas para mudança do
sistema viário de Salvador? Depois de me inteirar melhor, soube que a
resposta é não.
Rui Costa é o Chefe da casa Civil do
Governador do Estado que Jaques Wagner escolheu como seu candidato a Governador
do Estado pela legenda do PT. Tá bom ou quer mais? Zagalo foi bem claro ao
dizer que “vocês tem que me engolir”.
Embora a política partidária não
tenha sido o meu forte, nunca deixo de acompanhar e de fazer política ao
exercer minha cidadania e confesso que já ouvi falar bastante em Luís Caetano,
prefeito de Camaçari, ex-presidente da UPB e pré-candidato a candidato a
governador, o mesmo acontecendo em relação a Walter Pinheiro, senador da
República e Marcelo Nilo, este, Presidente perpétuo da Assembleia Legislativa
da Bahia.
Na França monarquista o poder era
absoluto e se dizia "L'État
c'est moi"( O Estado sou eu). O vice-rey da Bahia ACM era assim, sua
máxima era “quem manda aqui é eu” e
depois da ascensão de Wagner pensei que alguma coisa iria mudar e máxima de ACM
foi mantida em toda sua ênfase “quem
manda aqui é eu”.
Se alguém conhecer
esse rapaz Rui Costa e souber de alguma grande contribuição para a Bahia me
informe, por favor, para eu transmitir possíveis os feitos a outras pessoas. As
pessoas que eu me refiro não são àquelas que por razões burocráticas frequentam
o Governo do Estado, como Prefeitos, deputados e alguns vereadores.
Pernambuco teve
seu Presidente, o ex-presidente Lula e grande condutor da Nação. Alagoas teve
seu presidente, Collor de Melo, que mesmo cassado foi presidente. A Bahia, por
seu lado, não deixa seu lado provinciano e sua ânsia de se apequenar. Vamos ter
que continuar convivendo com o passado recente ou clamar por nomes do passado
ou do passado recente da envergadura de Ruy Barbosa, Otávio mangabeira, Waldir
Pires, Jorge Amado e outros ilustres no campo do conhecimento humano.
Eu não suporto
imposições e o pior é saber que talvez não tenhamos opções.
Eu era presidente
da OAB-Paulo Afonso e o processo eleitoral para renovação dos mandatos estava
aberto e por diversas vezes perguntei a Durval, o então presidente da OAB-BA, como
seria a escolha do nosso candidato a Estadual e se teria nomes postados. Nada
de resposta. Na véspera do dia limite
para registro de candidato, voltei a perguntar e nada de resposta. Durante um
congresso estadual dos Advogados, em paralelo ao evento, houve uma reunião do
Presidente estadual com os presidentes de Subseções e eu estava lá. Perguntei a
Durval o porquê da escolha de nome do candidato sob sete chaves. A explicação
não me convenceu. Segundo ele a oposição
estava se articulando. O nome escolhido foi uma desgraça e foi um péssimo
presidente. Em contraponto a Durval eu disse que a OAB combateu a ditadura
militar e agora fazia pior do que ela. A diferença era que na ditadura o nome
do Presidente era sabido 06 meses antes e na eleição da OAB-BA o nome do
candidato só era sabido no dia. Como o interior só é lembrado para encher linguiça, depois
dessa não mais me candidatei a presidente aqui em PAF. Lancei o Dr. Jessé em
seguida que foi eleito.
Como ontem foi dia
de finados e eu não fui a Jeremoabo visitar os meus, que todos descansem em paz
e sem traumas de votar em quem não escolheu.
Paulo Afonso, 03
de novembro de 2013.
Fernando Montalvão.
Escr. Montalvão Advogados Associados.
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