Morreu o meu amigo "Carlinhos de Amaro".

Por volta das 8h da manhã de hoje (06) faleceu Carlos Alberto Nunes Tavares, mais conhecido entre os amigos como “Carlinho de Amaro”. Nascido em 16 de dezembro de 1955 Ele morava na Praça Libanesa no município de Paulo Afonso na Bahia. Sua partida se deu decorrendo do modo de vida que ele escolheu para passar pela terra.

Carlinhos era um querido amigo meu. O conheci ainda na infância quando meus pais moravam na perto da praça nos anos 60 (sessenta). Lembro das aventuras que aquele garoto franzino produzia e que, naquela época, chama a atenção de toda a cidade. Tenho uma imagem daqueles tempos na memória que a de ver a polícia procurando uma pessoa. A praça estava cheia de gente e Carlinos encima do telhado da casa dos seus pais gritando que não iria se entregar.

Ele foi uma das primeiras pessoas a inaugurar o famoso mural da guarda da Chesf – Companhia Hidrelétrica do São Francisco, onde ficam as fotos das pessoas indesejadas a entrarem na vila operária. Depois muitos de nós também tivemos fotos colocadas lá.

Carlinhos passou pela vida livre, sem amarras. Ele escolheu o estilo que melhor lhe dava prazer e curtiu tudo o que queria sem prejudicar a ninguém. Se ele fez alguma má foi a si mesmo. Não há uma pessoa que o possa acusá-lo de ter feito alguma coisa de errado com alguém.

Carlinhos, a despeito de suas escolhas, sempre teve muitos amigos. Todos os que conviveram com ela na infância e durante a vida podem testemunhar a pessoa bela e amiga que foi. Eu sou uma dessas pessoas. Todas as vezes que o encontrava, recebia dele beijos e abraços e declarações de uma grande amizade. Invariavelmente eu percebia olhares repulsivos, já que Carlinhos tinha se entregado ao desprezo pela vida depois que viu sua única filha e sua ex-esposa serem mortas em um incêndio sem que tivessem chance alguma. Mas nunca, nenhum desses seus amigos deixou de cumprimentá-lo. Carlinhos vai e nós ficamos com um sentimento de que podíamos ter feito mais para ajudá-lo.

Morre um Rebelde Livre!

Morre alguém que nunca se deixou levar pelas normas impostas pela sociedade. Carlinhos foi Livre até o último sopro de vida. Morreu deitado em uma cadeira “preguiçosa”. Instantes antes ele chamou a todos para se despedir. Olhou e deu seu último suspiro. Teve todos a sua volta, como só os grandes conseguem.

Carlinhos deixa saudades em meu coração e nos de seus muitos amigos. Os amigos da Libanesa.

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