Carnaval pode tudo, sim. Mas sem caretice

Em resposta ao artigo, "Ivete já cantava o Apocalipse muito antes de Baby falarsobre" postado no Blog, o leitor "Alvino" escreveu questionando-o e dando a sua opinião quanto ao caso Ivete e Baby no Carnaval de Salvador. 

Leia abaixo a opinião do Alvino:


"Quero cumprimentá-lo pelo texto bem escrito, sim.

Porém, permita-me divergir da visão que você empreende em seu artigo.

A essência da Democracia e da Liberdade está na Laicidade.

O Estado é laico, a Escola tem que ser laica, a Ciência é laica.

O Carnaval é essencialmente laico!!! É uma festa pagã desde seus primórdios.

Por isso que é realizado antes da Semana Santa, para não se confundir com o momento mais importante para a Cristandade, que é a Paixão e a Ressurreição de Cristo.

Da mesma forma que vacina não tem nada com religiosidade, o Carnaval também não tem. Se tivesse, haveria bailes carnavalescos nos templos e catedrais.

Carnaval pode tudo, sim. Mas sem caretice. No Carnaval pode-se usar careta, mas sem ser careta!!!

O que Baby fez na festa do povo foi uma tremenda caretice rimando com canalhice. Ela fez igual àquelas senhoras Testemunhas de Jeová que saem aos domingos importunando as pessoas em suas casas, tentando convertê-las às suas formas de enxergarem (?) o mundo, maldizendo e praguejando contra todo aquele que rejeita o seu dogmatismo evangélico.

Baby fez a coisa errada, no lugar errado e no momento errado, tal qual as tais evangelizadoras da Assembleia de Deus ou Testemunhas de Jeová, em nossos descansos dominicais.

Tudo tem seu tempo e lugar apropriados.

Também discordo que Ivete prega a mesma visão apocalíptica da pastora(?) Baby do Brasil. Primeiro, porque a letra da música sequer foi composta por Ivete. Segundo, porque a canção “Eva” surgiu como um Rock Nacional composto e gravado pela banda Rádio Táxi no início da década de 80.

E a música “Eva” fala de um amor entre duas pessoas que sobrevive ao Dilúvio, que não tem nada a ver com o Apocalipse. Sequer cita a palavra “Apocalipse”. A letra fala da Arca de Noé e não do Armagedon.

A letra do Rádio Táxi, depois regravada pela Banda Eva no carnaval baiano, está muito longe de ser um louvor gospel e muito menos piegas.

A Rádio Táxi foi uma banda de Pop Rock, não foi um coral de igreja. Nunca teve a pretensão de impor religião alguma às pessoas. Eles jamais cometeriam essa indelicadeza, essa violência.

Da mesma forma que não combina político querendo pegar carona no prestígio do Carnaval e dos seus artistas, muito menos é o local apropriado para padres, pastores, farsantes e outros tentarem doutrinar o público e obliterar a alegria das pessoas.

No mais, religião é tema para teólogos que estudaram profundamente, vivenciaram e deram testemunho da sua fé. Qualquer pessoa não pode sair por aí se autodeclarando pastor e pregador, pois isso é charlatanismo religioso praticado por falsos profetas que estão se espalhando pelas esquinas do Brasil.

A liberdade de credo também pressupõe a honestidade teológica. Hoje tem pessoas recebendo diplomas de Teologia por correspondência e colocando placas em tendas que passam a chamar de “igrejas”. Fora diplomas falsificados de pastores que estão sendo derramados a torto e a direito por aí a fora...

E Baby é mais uma falsa profeta que nada sabe sobre teologia, nem sobre cristianismo. Está querendo ser algo que não é, nem nunca foi.

Loucura por loucura, não curto a loucura autoritária e chata de Baby. Prefiro a loucura saudável e irreverente do baiano e eterno mutante Tom Zé!!!"

Por: Alvino.

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