Quem julgará os deuses de Curitiba?



É sabido que em todo o tempo da existência humana sempre existiu a luta de classes. E mesmo que este termo só tenha sido criado por Karl Max milhares de anos depois do início do calendário Cristão, ele pode ser aplicado para todas as épocas de nossa existência, pois não define um só conflito, mas também política, economia e a sociedade como a temos, antes e hoje.

Pois mesmo no Olimpo, a danada da inveja já se fazia presente. Cronos, o deus do tempo, o todo poderoso, o mandachuva da ocasião, foi traído por sua própria esposa, Reia, que era, também, sua irmã. Reza a lenda que seu esposo teria comido todos os filhos. Insatisfeita, ela lhe deu uma bebida que o fez vomitar a todos. Após este fato, todos se uniram e o destronaram, tomando-lhes todos os poderes. E foi assim que Zeus se tornou o deus dos desses, muito antes de se mudar para Curitiba.

Decisões desses deuses foram questiondas durante as suas existências. Mas como sabemos, eram eles os deuses do Olimpo. Os intocáveis!

Eu tenho a impressão que parte da justiça brasileira atualmente está baseada nos contos gregos onde as narrativas são quase sempre de decisões malucas, sem pé nem cabeça, mas que não podem ser questionáveis. E seus erros são perdoados por eles mesmos, mas os da plebe são passiveis de castigos de toda espécie.

Veja Rafael Braga, morador do complexo de favelas da Penha no Rio de Janeiro. Foi encontrado com 0,6 gramas de maconha e 9,3 de cocaína. Foi acusado por um semideus a cumprir prisão de 11 anos e 3 meses. A sociedade se mobilizou, pediu, reivindicou, denunciou que a pena era muito grande para o “crime” cometido. E foi feito a “justiça” pelas mãos daqueles intocáveis em suas decisões.

Já Gustavo Perrella, filho de um senador por Minas Gerais, teve o seu helicóptero apreendido com 450 kg de cocaína em 2013. Investigado pela Policia Federal, foi inocentado e recebeu como prêmio a indicação para o cargo de Desenvolvimento e Projetos da CDF - Confederação Brasileira de Futebol.

Em janeiro deste ano, Cristiane Ferreira Pinto, foi presa por ter “furtado” alimentos de supermercado para alimentar seus filhos, o semideus da ocasião decretou a sua prisão preventiva mesmo ela estando grávida na época. Em sua defesa, quando do julgamento, a advogada Renata Ramos, disse, “Eu creio que o maior delito que a Cristiane cometeu é ser pobre e a pobreza a levou à prisão”.

Já Onex Lorenzoni, então deputado e amigo pessoal do Zeus de Curitiba, foi pego na mutreta do caixa dois. Ele recebeu R$ 100.000,00 da empresa JBS para sua campanha eleitoral e não declarou. Ele não foi importunado pela "justiça" do seu estado, o Paraná. Pediu perdão e foi perdoado publicamente por Zeus Moro. Só que o Cabra escondeu que teria recebido mais dinheiro e foi, novamente, pego. Agora ele declarou, "já me resolvi com deus". Certo, Moro tem a palavra final mesmo.

Já o caso do Luiz Inácio, este não poderia ser julgado por semideus do baixo clero, nem por aqueles do STF – Superior Tribunal Federal. Que como Cronos, ainda se acham deuses, mas foram derrotados pelos novos deuses e não perceberam ainda. Acusado pelo deus Moro, foi perseguido e humilhado publicamente. Seu julgamento, por decisão vinda do novo Olimpo de Curitiba, com direito a vazamento do que acontecia de dentro da sala para os amigos dos deuses instantaneamente. Seus defensores, pobres mortais, falavam, pregavam e não eram ouvidos. Nada do que apresentaram foi levado em consideração.

Lula foi condenado pelo deus Moro. Teve sua pena referendada pelas erínias com a sede de vingança característica de quem nunca aceito que um mortal pudesse subir no trono, sentar e abrir as portas do palácio para o povo. Nunca perdoaram o acinte de ver sentado ao seu lado em um avião, um preto, um branco, um índio, um nordestino, alguém que olhava para todos e se sentiam parte daquilo.

Já Ares, o deus da guerra, popularmente conhecido por Bolsonaro, que teve a sua trajetória construída na tática da denuncia e da mentira, conseguiu o feito de trazer para o seu lado, mesmo odiado, Zeus Moro. Que manipulou acusações, fez chegar a plebe aquilo que ela queria ler, ver e ouvir contra seu adversário, para iludir a todos. Feito que teve sucesso com a prisão de seus adversários diretos. Mas uma coisa chama a atenção nessa história. Se Zeus, o deus que decide tudo, abriu espaço para que alguém de tamanha insignificância para o seu Olimpo chegasse ao trono, o que estaria ele aprontando para que isto logo mude? Lembremos que Zeus já traiu a Cronos, que era o seu pai.

Mas esses deuses praticam todo o tipo de injustiça contra o povo porque não enxergam por perto a deusa Nêmesis. Estão enganados. De tanto plantarem discórdia, de tanto tomarem decisões errôneas, muitos nêmesis surgiram. E, que cheguem logo para que a punição e vingança aos deuses seja enfim, feita por Tisífone, a deusa do castigo, nas ruas e praças de nossas cidades. E que dessa vez não haja uma Lei de Anistia para perdoar aqueles que tanto mal e prejuízo estão dando ao Brasil.

Um comentário:

Rui Barbosa disse...

Estamos nas maos de Deus do mal, moro na cadeia.