Foto: Ludmille Nazaré |
A bióloga e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Tatiane Aguiar, explicou que após esses cinco dias de ação vai entrar
em uma nova etapa, que é o monitoramento. “A ideia é acompanhar a possível
recolonização das áreas onde os organismos foram retirados. Vamos observar se
eles retornam, em quanto tempo isso acontece e em que ritmo. Para isso, o apoio
da comunidade é fundamental, como eles têm mais acesso ao local, podem ajudar
com uma vigilância contínua e nos informar caso percebam esse retorno. Esse
acompanhamento é essencial para entendermos os efeitos da intervenção.
Precisamos saber se os organismos voltam, em quanto tempo, ou se não retornam.
Essas informações vão orientar as próximas etapas do trabalho. É um processo
longo, mas muito importante e que precisa ser feito”, reiterou Aguiar.
Segundo Tiago Porto, diretor de Políticas e Planejamento
Ambiental da Sema, a operação representa um passo importante na contenção da
espécie invasora. “Em apenas cinco dias de trabalho intenso na Baía de
Todos-os-Santos, conseguimos remover
cerca de 3 mil quilos de uma espécie invasora de coral. Ainda estamos
construindo caminhos para garantir a continuidade desses trabalhos, cada
espécie invasora, em cada território, exige uma resposta específica. E para
isso, a participação da sociedade é essencial, tanto na identificação de novas
ocorrências quanto na construção de soluções. Proteger nossos ecossistemas é
uma responsabilidade compartilhada. É hora de agirmos juntos”, destacou Porto.
Mobilização comunitária surpreende e amplia impacto da ação
“Minha expectativa principal era uma boa participação, e o
que mais me surpreendeu foi o envolvimento da área de pesca. Ver essa
integração entre os órgãos envolvidos foi algo que realmente me impressionou”,
ressaltou Zé Pescador, da ONG PróMar, que está coordenando a operação de
remoção. Zé também destacou que foram 3 toneladas. “Então, em termos de volume,
de participação e de engajamento, foi além do que a gente imaginava. Houve
muita responsabilidade, muito trabalho voluntário. Foi realmente uma mobilização
coletiva, com todo mundo querendo se inteirar, entender e aprender. E o mais
importante, agora temos uma parte de Itaparica mais bem informada sobre o que é
a bioinvasão, sabendo lidar melhor com essa situação”, afirmou Zé.
Pescador há mais de 20 anos, Geraldo Barros esteve neste
cinco dias da ação de remoção do octocoral participando como voluntário. “Eu
estive aqui nesses cinco dias participando dessa ação, e posso dizer com
certeza, ela faz uma diferença enorme. A gente precisa que o nosso nativo
entenda cada vez mais o valor do que está sendo feito. O benefício real não é
para quem está participando da operação, mas sim para quem vive aqui, que
depende diretamente dessa terra, dessa natureza. Nós estamos aqui como apoio, mas
quem realmente ganha com isso é a comunidade local. Por isso, essa ação não
pode parar. Ela precisa continuar, se fortalecer, envolver mais gente. Só assim
vamos conseguir preservar o que é de todos, mas que, principalmente, é a base
da vida de quem mora aqui”.
Destinação Correta
Todo o material recolhido durante os cinco dias de ação foi
cuidadosamente separado em duas categorias. Uma parte será enviada ao aterro
sanitário para descarte adequado. A outra será encaminhada à Oficina Carbono
14, onde passará por um processo de secagem e preparação antes de ser destinada
ao Cimatec e à Embrapa. O objetivo é investigar possíveis formas de
reaproveitamento do coral removido. “Quero realizar pesquisas para avaliar se é
possível desenvolver um adubo ou fertilizante, além de verificar seu potencial
uso em cosméticos, corantes ou tintas”, explicou Zé Pescador.
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