Maria de Déa conquistou o coração do capitão



A história de Maria Gomes de Oliveira foi igual à de tantas outras nordestinas. Nascida no Povoado Malhada da Caiçara, zona rural do município de Paulo Afonso na Bahia e que fica a 38 km do centro da cidade, ele se casou com o sapateiro Zé de Neném. Os dois costumavam ir à feira todas as segundas-feiras na cidade vizinha de Santa Brígida.

Mulher vistosa chamava no inicio do século XIX a atenção por onde passava. Era uma matuta arrumada. Tanto que quando Virgulino Ferreira, o Lampião, passando a conheceu se apaixonou por ela e a convidou para o acompanhar em sua peregrinação pelo sertão com seu bando de Cangaceiros. Ela aceitou, deixando o marido e familiares para trás.

Maria foi uma mulher independente, mesmo casada saia e ia aos forrós nas fazendas da região onde dançava durante a noite toda se divertindo. Dizem que meteu uns pá de chifres em Zé de Nenén, o que levou o marido algumas vezes a surrar ela.

No cangaço, já com Lampião, era conhecida como Maria de Déa. Mas não teria participado de embates com a volante, militares que os perseguiam pelas caatingas e cidades do Nordeste. Naquela época não era comum que mulheres seguissem com o bando e foi com ela que essa tradição foi quebrada. Depois deste fato outras mulheres se juntaram a bando de cangaceiros.

Hoje, 28 de julho é relembrada a data da morte de Maria Bonita, Lampião e seu bando na Grota do Angico no Estado de Sergipe que faz divisa com entre os municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo. Já se passaram 83 anos desde a data e a mística da mulher bonita continua até hoje.

O nome Maria Bonita só aparece após a sua morte em jornais do Sudeste do país que cobriram o acontecimento.

A casa onde Maria Bonita nasceu hoje é um museu que pode ser visitada por turistas que vão até a cidade de Paulo Afonso. Lá eu já estive algumas vezes, como visitante, como chefe de divisão de eventos do município e onde foram realizados alguns “Bailes do Cangaço” durante os festejos juninos para manter na memoria a história de uma das mulheres de personalidades mais fortes que o Nordeste já teve.

Revisitar a história não a define como sendo a de bandidos ou heróis, mas para que não seja esquecida pelos mais jovens. Há centenas de livros escritos recontando a vida de Maria Bonitão, Lampião e do cangaço. Destaco dois escritores da terra que tem vários títulos escritos sobre o assunto. São eles Luiz Rubens e João de Sousa Lima.

 

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