O terceiro e último encontro virtual do seminário Cadernetas Agroecológicas – Tecendo Saberes e Vivências, realizado na sexta-feira (23), apresentou os resultados econômicos e refletiu o processo de aplicação das Cadernetas Agroecológicas junto a 374 agricultoras envolvidas no Pró-Semiárido, projeto do Governo do Estado. Dentre os dados expostos, está o valor da produção gerado por elas, que ultrapassou R$1,2 milhão em um ano de anotações.
Para traduzir os números, a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (Cofaspi) e os Institutos Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) e de Desenvolvimento Social e Agrário do Semiárido (Idesa) traçaram perfis representativos de agricultoras de diferentes municípios, para daí aprofundar as análises a respeito da renda, aspectos relacionados à diversidade da produção, estratégias de comercialização, capacidade de gestão e contribuição dessas mulheres para agrobiodiversidade do Semiárido.
O uso das Cadernetas apontou ainda que a mulher agricultora é a principal responsável pela produção agroecológica e que o serviço de ATC tem sido imprescindível para que ela adote novas técnicas, práticas e avance nesse papel de forma consciente e fortalecida. “As Cadernetas evoluíram e o que a gente vê agora é um movimento, a formação de uma rede! Esse instrumento atestou que as agricultoras são as grandes guardiãs da agrobioidversidade, e o Pró-Semiárido tem assumido essa agenda e se tornado referência”, assinalou o Oficial de Programas do FIDA no país, Hardi Vieira.
Nesse sentido, a pesquisadora e membro do GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, Liliam Teles, destacou: “A Caderneta Agroecológica é uma ferramenta tão simples, mas se aplicada com a metodologia que a acompanha pode transformar o olhar da agricultora e da equipe técnica”. Taiane Costa, membro da equipe da Coopercuc, confirma o que disse a pesquisadora: “No processo de aplicação da metodologia, nós nos envolvemos de uma maneira totalmente diferente, essas mulheres nos ensinam muito mais do que a gente a elas”.
Os resultados apresentados no seminário foram comemorados ao som da musicista, arte-educadora, compositora, atriz e regente do Grupo Café com PaN, Emillie Lapa.
Caderneta Agroecológica - A Caderneta Agroecológica (CA) foi concebida, em 2011, pelo Centro de Tecnologias Alternativas na região de Zona da Mata em Minas Gerais (CTA/ZM), em interlocução com o Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia – (GT/ANA). O Programa de Formação em Feminismo e Agroecologia (CTA), em 2013, foi o primeiro a utilizar a metodologia das Cadernetas. Logo após, também em 2013 e em 2015, o GT da ANA aplicou esse instrumento dentro de um programa de formação, cuja temática principal foi “Feminismo e Agroecologia”, financiado pela União Europeia e levado a todas as regiões do país.
A ferramenta começou a ser adotada pelo Pró-Semiárido,
ação de combate à pobreza no campo executada pela Companhia de Desenvolvimento
e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural
(SDR), em 2019. Entre os seis projetos cofinanciados pelo Fundo Internacional
de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) no país, o maior número de agricultoras
participantes da pesquisa, 41% das 909 cadernetas sistematizadas, são do
projeto do Governo da Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário