Ministro da Educação defende expancar crianças para educá-las


A violência infantil existe desde os tempos remotos, mas somente no século XX que veio a ser considerada um delito pela Organização das Nações Unidas (ONU), considerando-a como um problema de grandes consequências psicológicas, sócias, éticas, legais e médicas.

Infelizmente os maus-tratos físicos, psicológicos ou emocional, de abandono, negligência, financeiro e sexual, estão por toda a parte. O Ministério da Saúde (MS) se refere ao termo violência intrafamiliar para expor que todo e qualquer tipo de ação ou omissão que cause danos ou prejuízo ao bem-estar, a plenitude física ou psicológica de qualquer pessoa, bem como o direito ao pleno desenvolvimento e liberdade (BRASIL, 2002).

A violência infantil deixa marcas, a criança não vai deixar de amar seu agressor, mas isso vai refletir no adulto que ela venha a se tornar. Existem vários estudos onde se relata que o estresse precoce, no qual a criança pode ser vítima, ou testemunha de violência doméstica, gera impacto comportamental, prejudicial à sua saúde, podendo levá-la a fazer uso de substâncias tóxicas, e ou ter tendências suicidas, além de distúrbios psicológicos, como, transtorno depressivo, de ansiedade, alimentar, ou transtorno de estresse pós-traumático.
Tais estudos ainda apontam que, a criança que sofre maus-tratos seja físico ou psicológico pela mãe, desenvolvem problemas emocionais, relacionados a autoestima, já para as que sofrem abuso paterno, têm queda na qualidade da saúde mental, na idade adulta.

A criança que sofre violência física, ela não vai morrer, mas enfrenta problemas de relacionamento com os pais, problemas no relacionamento amoroso, tem dificuldades para expressar sentimentos, em alguns casos se torna um adulto violento, e que enxerga a violência como algo natural, na sua forma de educar. Alguns se tornam adultos inseguros, não conseguem se aceitar, ou ter confiança em si próprio, ou se tornam pessoas violentas e explosivas com seus filhos e/ou companheiros.

As altas taxas de mortalidade e morbidade infantil, é uma realidade dolorosa, e necessita de uma resposta séria e eficaz da sociedade. Os setores de saúde e educação devem estar atentos, não deixando de enfrentar esse grave problema de saúde pública.

As experiências vividas na infância e adolescência, sejam elas positivas ou desfavoráveis, vão refletir na fase adulta, os maus-tratos geram sentimentos como desamparo, medo, culpa, ou raiva, que quando não manifestados, se desenvolvem em comportamentos distorcidos, perpetuando-se nas gerações futuras. As dificuldades inevitáveis se tornam mais amenas quando enfrentadas com afeto e solidariedade.

Tudo isso que foi exposto, vai na contramão da fala do novo ministro da educação, pastor presbiteriano Milton Ribeiro, que em vídeos que circula na internet, faz declarações nada abonadoras para um educador. Em um deles, defende que as mães eduquem seus filhos através da dor física, em outro diz que o pai deve "impor" a direção que a família deve tomar.

Ribeiro ainda argumenta que tal correção é necessária para a cura e diz que bom resultado "não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves". "Talvez uma porcentagem de crianças muito pequena, de criança precoce, superdotada, é que vai entender o seu argumento. Deve haver rigor, desculpe, severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: devem sentir dor".

Precisamos de políticas públicas rápidas, e eficazes contra qualquer tipo de violência, e de gestores que levem isso a sério, e quando alguém com um discurso a favor do castigo físico, é nomeado Ministro da Educação, podemos ter a certeza, de que estamos regredindo nas ações de combate à violência infantil.

Estamos sempre preocupados com que tipo de cidadão estamos formando, e educando, e muitos esquecem, que nossas ações são a primeira fonte de inspiração, ou desconstrução de um adulto consciente e saudável.

Ninguém nasce apenas para sobreviver, nascemos para viver, viver bem, com dignidade e plenitude de todos os nossos direitos. A criança que sofre violência não deixará de amar seus pais, mas ela deixará de amar a si mesma.

Por: Carola Santos


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