Sucata que mata (Por Artur Araujo)


Saldo líquido do investimento público negativo é o nome técnico para um drama real: a depreciação do estoque de bens públicos é maior do que os gastos estatais na conservação, manutenção, reforma e substituição de estradas, escolas, hospitais, pontes, viadutos, portos, armazéns.


Em língua de gente, essas estruturas e edificações, utilizadas pela população e vitais para as atividades produtivas, estão sendo sucateadas, acelerando sua decomposição e ampliando muito o risco de colapsos e outros acidentes graves.

Investir menos do que a taxa de depreciação é esburacar estradas, ter pane elétrica em salas de cirurgia, derrubar teto de sala de aula, rachar pilares de pontes, quebrar paredes e muros, colapsar barragens, inundar bairros, ferir e matar cada vez mais gente.

As respostas do governo são criminosas. Indagada sobre a necessidade de tirar os investimentos do cálculo do mortífero "teto de gastos", mera solução paliativa para minimizar riscos, uma "fonte" do Valor rejeita qualquer flexibilização porque "o país é como alguém que tem vício em álcool e que não pode aceitar tomar nem um pouco de bebida".

Por Artur Araujo.

Publicado primeiramente no Site da Federação Nacional dos Engenheiros.

Nenhum comentário: