Vou logo avisando que não vi e
não tenho a menor pretensão de assistir ao vídeo do grupo Porta dos Fundos
onde, segundo o noticiado na imprensa, eles usaram uma personagem que remete a
Cristo como uma pessoa gay.
No primeiro momento que li as
mensagens sobre esse assunto nos grupos em redes sociais me lembrei do ativista
e presidente do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott. É que ele foi um dos primeiros a
polemizar sobre um personagem histórico ao afirmar que Lampião era gay. Depois,
foi acompanhado por Pedro de Morais que escreveu o livro "Lampião, O Mata
Sete", onde defendia que Virgulino Ferreira, o mais famoso Cangaceiro do
Nordeste, era afeminado e sua mulher, Maria Bonita, era adúltera.
E por que me lembrei disso?
Porque, tanto Mott, quanto Morais defenderam a liberdade de expressão para
terem tido o direito de dizer o que disseram. Tá tudo bem, tá tudo certo. Mas, e
para quem teve uma pessoa da família exposta sem nenhuma evidência comprovada,
no caso do Lampião, como fica? Entrar na justiça para reparar danos morais resolve
o caso ou só potencializa a polêmica?
A liberdade de expressão pode
ir até atacar todos aqueles que são Cristãos e que, sabedores de que não há
comprovação nenhuma de que Jesus teria tido qualquer experiência homossexual,
tenham que aceitar como expressão artísticas a exposição feita pelo grupo de
humor Porta dos Fundos no especial de Natal de 2019?
Não há correntes que possam
segurar a liberdade de expressão. É inegociável qualquer movimento que tente
segurar a criatividade. Mas, quem cria, quem representa, quem expõe sua
opinião, não pode reclamar do julgamento discordante de sua arte. Como disse Caetano
Veloso, “é proibido proibir”. E isto tem que servir também aos que apoiam o
direito do vídeo ser exibido.
“A censura única entidade que
ninguém censura”, já dizia a banda Plebe Rude em seu disco de 1987, composição
de André X e Philippe Seabra.
Ao sentirem-se agredidos pelos
Cristãos que discordaram da abordagem feita pelo grupo, a turma do Porta dos
Fundos vestiu a roupa de censures, algo que eles tanto combatem. Não se pode
querer calar nenhuma voz em nome da arte.
É inegável que todas as
pessoas devem ter o direito a opiniões sem que possam ser censuradas. E isto
vale para os meninos “humoristas” e para quem os ataca. Então, não é justo
pedir que milhões se calem em suas críticas por se sentirem atacados em sua fé.
Isto também é uma forma de repreensão de opinião.
O Porta dos Fundos pode criar
seus vídeos em cima de qualquer assunto ou personagem, mas tem que saber que
muitos podem gostar ou não gostar do que é feito. Simples assim.
Não há mais lugar para a
censura no Brasil. E isto tem que valer para os dois lados da estória.
O Porta dos Fundos errou na
mão.
Viva a Liberdade!
Viva os Cristãos!
Viva os LGBT+Is
Viva a arte!
Viva a vida!
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