É verdade, eu voltei a
ver o Jornal Nacional após mais de seis nos. Isto já tem mais ou menos um mês.
Não o vejo todos os dias. As vezes mudo de canal ou desligo antes mesmo do seu
termino. Já teve dias neste retorno que achei que estava vendo um jornal de
quinta categoria, tal o baixo nível de informações a que vem se sujeitando a
editoria. Ficou ainda pior após a matéria do “Seu Jair”. A Globo fez o correto
naquele momento, deu as versões certas, mas sentiu a reação agressiva de
Bolsonaro. Agora, vive tentando agradar ao presidente, que sabemos todos, quer
destruir a mesma. Para isto vai usar de todos os seus meios. Os Marinhos se
preparem, Bolsonaro é doido. E de doido como ele só se espera o pior. Ou o
enfrentam de frente, ou eles vão ver o patrimônio ir pelo ralo.
E foi vendo o JN ontem
que vi a imagem de um amigo de Brasília saindo da embaixada venezuelana. Como
sei que ele é advogado, ligado as causas populares, entrei em contato com o
mesmo e fiquei sabendo que teve, assim como outros, fundamental importância na
solução do conflito que estava estabelecido lá.
Pedi ao Fernando Neto que
me contasse como as coisas aconteceram lá. Ele fez uma narrativa rica em
informações que eu resolvi trazer até vocês. É como se lá eu estivesse estado,
lutando, defendendo a soberania Venezuelana. Deu orgulho em saber o nome de
cada pessoa, de cada entidade que se mobilizou para barrar mais uma loucura em
solo brasileiro com envolvimento de pessoas do atual governo federal.
Siga o fio...
Eram seis e vinte da
manhã quando Fernando foi acordado pelo som do telefone. Era uma ligação do
Embaixador Venezuelano no Brasil, que é um grande amigo dele. Ele foi informado
que a Embaixada do país amigo tinha sido invadida durante a noite por algumas
pessoas. Naquele momento, me disse o Fernando, que demorou um pouco a crer que
estivesse mesmo ouvindo aquele relato. Parecia tão irreal o fato que o susto
demorou um pouco a passar. O Brasil sempre foi conhecido no mundo por ter um
corpo diplomático que jamais, antes, buscou criar problemas. Nós sempre fomos
da paz.
Depois do susto, ele fez
ligações para alguns amigos informando do ocorrido e pedindo para irem até a
embaixada para ajudarem no que fosse possível a reparar a agressão sofrida pela
Venezuela em seu território aqui no Brasil.
A primeira informação foi
de que, policiais teriam entrado na embaixada, rendido o porteiro e trancado o
portão com corrente e cadeado. Mas na verdade, quando as primeiras pessoas
chegaram ao local, se depararam com pessoas vestindo camisetas brancas, calças
jeans e botas para policiais do exército. Era um grupo de 24 homens e 3
mulheres, organizados e com um objetivo definido. Tomar através da força a
embaixada venezuelana em Brasília.
Me disse o Fernando que
quando chegou ao local, tinha um carro do batalhão de polícia abordando as
pessoas para que não entrassem no local. Era só mais um fato estranho que ele
presenciou, dentre outros que veio a me falar durante a conversa.
Com o volume de ativistas
de esquerda já no portão, o embaixador venezuelano foi ao local para dar
melhores detalhes a todos da invasão que estava ocorrendo. Ao apresentar as
suas credenciais, os policiais pareceram ficar assustados. Neste momento, uma
pessoa de nome Alberto Palombo, tentou atacar o legítimo representante da
Venezuela. Ele só não contava com a reação dos nossos companheiros que já
estavam no local. Entre estes, o Deputado Federal Paulo Pimenta, líder do
Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, o advogado Paulo Borges, Fabiano
Leitão (trompetista), Pedro Batista, Flávia (assessora do Pimenta), Eduardo da
juventude Petista e foi aquele arerê. Empurra daqui, empurra de lá, conseguiram
expulsar um dos invasores. Aquele que todos viram nas imagens que viralizou na
internet e mais uns dois. De tanto buscar brigas, o cara terminou indo preso.
Na confusão, mais
companheiros conseguiram entrar, o que foi muito bom para o resultado ao final
da tarde.
O embaixador informou a
polícia que as pessoas estavam bem organizadas, recebiam ordens. Parecia mesmo
um grupo paramilitar. No decorrer da manhã, todos ficaram sabendo serem pessoas
ligadas ao golpista Juan Guaidó.
Após a confusão no
portão, entramos e deu para ver de perto que aquela turma estava disposta para
brigar. Inclusive atacaram duas mulheres que trabalham na embaixada. Eles
tinham feito famílias que moram no local de reféns. Até o porteiro estava em
cativeiro. E só foi liberado após chegada do grupo que conseguiu entrar dentro
da embaixada.
Ao perceber a presença, o
grupo paramilitar foi em direção a Fernando e quem o acompanhava, tentando
intimidar a todos. Neste momento, policiais também entraram e acalmaram a
situação.
O grupo conseguiu retomar
a embaixada, ficando só três mulheres dentro. Enquanto isso, chegavam a
informação vindo lá de fora que a frente do portão já estava lotada de
companheiros de esquerda para defender a soberania da Venezuela aqui no Brasil.
Entraram em contato para
dialogar com a Irene, secretária geral e diplomata, com a Indira, Jornalista e
responsável pela comunicação interna. Ela foi fundamental na articulação com
jornalistas da América Latina. Sendo fundamental para que eles soubessem o que
acontecia de verdade ali dentro. E o Célio, assessor e conselheiro político da
embaixada com muita experiência diplomática.
Fernando me disse que ele foi “porteiro”, “copeiro”, “faxineiro”. O que
precisava ser feito, ele se disponibilizava a fazer. Um senhor que merece o
respeito de todos. E teve o Otomir, companheiro Petista, funcionário do Banco
do Brasil aposentado, que no meio da briga conseguiu entrar e ficar junto do
grupo até o desfecho. Era dele a palavra final de quem entrava ou não dentro do
salão onde todos estavam.
Se é verdade que as
mulheres vão dominar o mundo, não tenha dúvidas, uma delas estava no comando da
ação com traços militares. Ela se diferenciava dos demais. Muito serena, não
falou com ninguém que não fosse daquele grupo. Sempre ao telefone. Seu contato,
com alguém que comandava tudo de fora, foi feito através de um celular. Eram
três. Duas delas, se quer eram venezuelanas. Eram bolivianas.
Mas, a surpresa maior do
dia foi quando um dos rapazes, Tomas Silva, se apresentou como ministro
conselheiro encarregado de negócios, e informou que estava ali representando a
“embaixadora” e que tinha se comunicado anteriormente com o Itamaraty, com a
polícia militar e que para ele, aquela situação seria legítima. Foi quando o
grupo de brasileiros ficou sabendo durante as discussões que na verdade ele
tinha recebido orientação da “embaixadora” durante a madrugada, de que era para
invadir o local e que o Itamaraty tinha ciência do que iria acontecer naquela
noite.
Naquele momento, a
articulação para a invasão dava seus passos fora da embaixada. A tal da
embaixadora do Guaidó soltou uma nota onde dizia que recebera informações de
funcionários da embaixada de que havia “deserção”. Por isso, segundo a nota,
eles estariam ocupando o local.
Se ficou sabendo que já
na Venezuela havia a informação da “deserção” na embaixada. O Freddy Merengote,
juntou os funcionários, fez um vídeo onde todos mostravam que estavam no local
e repudiavam aquela invasão. Começou o jogo de versões. Era chegada a hora de
fazer a verdade ser ouvida e vista. E foi, segundo ele, neste momento que se
começou a ter resultado. A imprensa começou a chegar ao local. A internet já estava
invadida com a narrativa e se percebeu então que seria só questão de tempo. De
convencer aquelas pessoas que o ato era um crime e que eles deveriam deixar o
local.
Com a chegada do
representante do Itamaraty, Mauricio Correia, amigo do Tomas Alexandro, as
negociações, que deveriam avançar, pioraram. Ele informou que o Governo
Brasileiro não o reconhecia como embaixador que ali estava e que o melhor seria
ele sair, o que para ele, seria uma solução pacífica.
Fred não desertou, e era
preciso que a verdade fosse posta. Neste momento, o Deputado Federal Glauber Braga
(Psol), disse que só sairia de lá, se o Fred dissesse que ele poderia sair.
Travou tudo neste momento na cabeça do representante do Itamaraty. A embaixada
não podia ser tomada por um grupo paramilitar. Para o Brasil, com sua imagem já
tão frágil internacionalmente, esta situação era um desastre para a diplomacia.
Fernando e o Paulo Borges
questionaram que não havia nenhum comunicado oficial do Itamaraty e disseram
que aquilo era ilegal e que, por isso, nenhum dos dois que se diziam
representar o Itamaraty, estava ali com autoridade para negociar qualquer coisa
em nome do governo.
Duas pessoas da polícia
militar merecem um destaque. Primeiro o “major Rodrigo”. Pessoa que demonstrou
equilíbrio naquele momento de tensão. O outro era o Coronel que, provavelmente
tinha recebido uma ordem e orientação para aquele momento. Ele estava
visivelmente incomodado. Deveria respeitar as decisões do Itamaraty, mas
percebeu que o Itamaraty não tinha decidido nada e estava no meio de uma
confusão diplomática arranjada por baderneiros.
O Fernando deu destaque a
mais algumas coisas que aconteceram e que por isso mesmo merecem deferência no
que se refere ao papel desempenhado pela imprensa. A mídia alternativa foi de
suma importância para mostrar a verdade. A cobertura em tempo integral feita
pelo jornalista que conseguiu entrar na embaixada do site Poder 360 do Fernando
Rodrigues, a CBN, Uol, Folha de São Paulo, o Globo. A cobertura da rede Globo,
que depois soubemos ter sido muito boa. Repercutindo internacionalmente na CBN
e na Taz (Rússia) ajudou a recompor a verdade. Foi quando, após a condenação
publica da invasão de que acontecia um crime contra a diplomacia internacional
e pressionado, o governo brasileiro, primeiro se manifestou via GSI – Gabinete
de Segurança Institucional e depois o próprio presidente Jair Bolsonaro
condenando o ato tresloucado.
Eu perguntei ao meu amigo
“quando a coisa verdadeiramente terminou? ” Ele disse que foi quando o
Deputado, ainda do PSL, Eduardo Bolsonaro chegou ao local para se solidarizar
com a invasão. Dentro, os “representantes do Itamaraty”, que esperavam algum
comando, ficaram nervosos. Na frente da embaixada o tumulto foi generalizado. A
imprensa no local registrando em tempo real aquele ato de interferência do
filho do presidente da república e parlamentar, contra um território
estrangeiro. De todas as agressões e loucuras já feitas por este Sr. este foi o
mais terrível. Ele mostrou naquele momento que está disposto a tocar fogo no
país. Ainda bem que foi expulso do local aos gritos de “golpista” e
“miliciano”.
A verdade neste caso
mostra que foi a organização das forças políticas de esquerda, junto com sua
militância, que barraram o crime contra a embaixada da Venezuela no Brasil.
Organizar e não dividir é o único caminho que temos a seguir.
Para Fernando, “o que
tentaram fazer na embaixada venezuelana, tem a mão direta do Itamaraty, e o Sr.
Ernesto Araújo, que vem constrangendo a diplomacia brasileira
internacionalmente é o responsável pela destruição do patrimônio moral
construído ao longo de centenas de anos, que começou com o Barão de Rio Branco.
A atuação desse sujeito está sendo venal e nos coloca diariamente em vergonha
junto ao mundo. Como se já não bastasse o presidente Jair Bolsonaro, que ajuda
bastante a que hoje a comunidade internacional desconheça o Brasil. São
equívocos, erros diplomáticos, inclusive de cerimonial, o que é injustificável
nos dias de hoje”.
E disse mais, o Fernando,
“foi este senhor, Ernesto, que ajudou a fundar o grupo de Lima, e agora é
responsável direto por conflitos com a Bolívia, Paraguai, Venezuela, Argentina,
embaixadas dos povos Árabes em um debate sobre questões religiosas sem lógica,
ainda entraram em briga direta com a França e a Alemanha.
A diplomacia brasileira
com este homem a frente, tem privilegiado e assumido conflitos. Ele deveria
construir um ambiente de distensionamento. Este foi o nosso papel durante
tantos anos, na busca de soluções, acordos diplomáticos e entendimentos
políticos e econômicos”, agora viramos a casa da mãe Joana. É crise todos os
dias, criadas por um bando de inexperientes que tomaram o poder via Fakes News.
“O mundo está estarrecido
com o que vem acontecendo com a chancelaria brasileira. Tudo isto é reflexo de
uma tragédia internacional que o Brasil vem promovendo ao mundo. O que eles
queriam era uma cizânia para promover Guaidó. Essa loucura coloca o Brasil como
fiador dos conflitos na América Latina, gerenciado através da pessoa do Sr.
Ernesto Araújo”, disse Neto. E isto precisa ser denunciado ao mundo para que
não se tenha dúvidas da loucura dessa turma. Os verdadeiros diplomatas, os
verdadeiros militares patriotas, não podem ficar calados vendo tudo o que está
acontecendo e, sequer emitir suas opiniões. O que vemos são traidores da pátria
tentando manipular a população.
Nós estamos vivendo dias
de vergonha. A participação de um órgão diplomático para reforçar uma narrativa
golpista de outro país, precisa ser detida. Nós não podemos achar que isto é um
fato isolado. Não é! O golpista Guaidó, convocou para o dia 16 de novembro
próximo, uma manifestação na cidade de Caracas contra o Governo legitimamente
eleito do Nicolás Maduro. Você pode se perguntar, “mas o quê isto tem a ver com
a invasão? ”.
Neto me deu uma
explicação para isto. “Se confirmada a ocupação, o noticiário seria totalmente
favorável a narrativa de que o governo venezuelano estaria sem apoio. Serviria
para ajudar na convocação da manifestação. Por outro lado, o Itamaraty, pelo
que ficamos sabendo, já tinham um convite pronto para o Guaidó vir participar
de reuniões do Brics, como convidado, e que estavam acontecendo em Brasília
envolvendo o Brasil, a Rússia, a Índia e a China”.
Parabéns a Juventude do
PT, MST, MTST, Juventude do PCdoB, FNL, Levante, CUT, OAB, Sindicatos,
Militantes de esquerda, Paulo Teixeira, Maria do Rosário, Telmário Costa e
Humberto Costa. Sem eles, do lado de fora se posicionando e denunciando, não
seria possível vencer essa guerra.
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