Depois de 18 anos paciente do Lopes Rodrigues retorna para a família

O Hospital Especializado Lopes Rodrigues (HELR), em Feira de Santana, por meio da Gerência de Desinstitucionalização, revela a história de L.R.P., conhecida como Lu, 39 anos, que depois de 18 anos morando na unidade hospitalar pode retornar para sua cidade, Ubaíra, onde está residindo na companhia de uma cuidadora e de um de seus irmão.
De acordo com Denise de Lima, gerente de Desinstitucionalização do HELR, Lu era uma garota que saiu andando pelo mundo e de carona em carona, e foi deixada às margens de uma BR, confusa, sem saber dar informações sobre seus familiares, nem seu local de origem. “Dezoito anos de sua vida se passaram, cristalizada no tempo, tutelada em cada gesto, afastada do mundo. Foi assim a história de Lu que teve a oportunidade de retornar para sua cidade após longo tempo institucionalizada”, conta Denise.
Durante a permanência na unidade hospitalar, os profissionais pensaram em colocar a paciente em uma moradia na residência terapêutica, já que não havia possibilidade de retorno à família. Entretanto, sem que fosse esperado Lu lembrou o nome do pai, da mãe e dos irmãos. A partir daí, a equipe do hospital deu início às buscas por familiares, através de um programa de televisão de busca por pessoas desaparecidas.
Num curto espaço de tempo, uma vizinha que havia visto a matéria na TV, por telefone, deu informações sobre os familiares da paciente. “Dada como morta em sua terra natal, Lu causou espanto ao retornar para visitar a família”, explica Denise, acrescentando que, a partir de então, a equipe de Desinstitucionalização do HELR começou a trabalhar, no sentido de promover o retorno da paciente para sua cidade.
Depois de muitas idas e vindas à cidade de Ubaíra, e com a colaboração de profissionais da assistência social/CRAS, a colaboração direta de alguns familiares no cuidado, novas formas de cuidar e morar foram surgindo. Após mais de um ano de trabalho, no início desse mês, Lu pôde finalmente retornar ao convívio familiar.
A Equipe de Desinstitucionalização do Lopes Rodrigues tem como princípio a garantia e produção de direitos, em especial a cidadania. A partir disso, acredita que o cuidado com pacientes psiquiátricos deve ser prestado em liberdade, com a oferta do que há de melhor disponível para o cuidado em saúde mental. “Os principais lugares do cuidado passam a ser os espaços sociais, onde é possível criar encontros, possibilidades de vida e cuidado, longe dos muros que aprisionam”, esclarece Denise. Atualmente, o hospital tem 75 moradores aguardando saída para Acolhimento Familiar ou Residências Terapêuticas.
No ano passado, sete pacientes moradores do Lopes Rodrigues foram desinstitucionalizados. Destes, cinco voltaram para suas famílias e dois foram para Serviços de Residências Terapêuticas.

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