Para Maria José de Jesus, de 43 anos, a luta por água era
constante e cansativa. "Já passei por muitas dificuldades para ter
água", lembra. "Eu andava até 2 quilômetros para buscar um pote de
água em uma fonte. Às vezes, levava as crianças comigo, mas elas ficavam muito
cansadas. Outras vezes, deixava o mais velho tomando conta dos irmãos, mas não
podia demorar, porque a fila era grande e, muitas vezes, eu voltava pra casa
sem água. Até grávida, com o barrigão, eu ia buscar água. A gente ia de noite
ou de madrugada, porque de dia tinha que trabalhar na roça. Hoje, com a
cisterna, a chuva nos dá a água, e a gente tem tudo isso na porta de casa”.
A transformação trazida pelas cisternas é visível em toda a
comunidade. O acesso à água potável melhorou não só a qualidade de vida, mas
também o tempo disponível para outras atividades. Maiara Silva descreve como a
mudança impactou sua rotina: "Antes, tudo era mais complicado. Passávamos
o dia inteiro indo nas casas vizinhas que tinham água com baldes pra pegar
água. Agora, com a cisterna, a água está perto de casa. Melhorou demais! Temos
água para beber, tomar banho, lavar o banheiro e os pratos”.
Além de receber as cisternas, as famílias passaram por um
processo de capacitação conduzido pela Associação Regional de Convivência
Apropriada ao Semiárido (ARCAS), parceira da CAR para prestar assistência
técnica e extensão rural (ATER). O treinamento focou em temas essenciais para a
convivência com o semiárido, como o uso consciente da água, o armazenamento
adequado e o cuidado com o reservatório.
As cisternas de consumo representam muito mais do que um
recurso para armazenar água. Elas são símbolo de autonomia e dignidade para as
famílias do semiárido, que agora conseguem viver com mais tranquilidade, sem o
medo constante da falta de água. Esse sistema de captação de água da chuva,
simples e eficiente, reforça a importância de políticas públicas voltadas para
a convivência sustentável com o semiárido, garantindo que essas comunidades
possam se desenvolver e prosperar. Hoje, com água em casa, as famílias de
Jatobá têm mais tempo para se dedicar ao trabalho na roça, ao cuidado com a
casa e com a família.
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