Liga das Nações: o fim dos "jogos baratos" na Europa


Está rolando o novo campeonato entre nações europeias, e estranhamente a emissora campeã de audiência no Brasil e suas coligadas decidiram ignorar. Nada mais estranho para um país que já se acostumou a assistir aos grandes campeonatos de futebol no mundo, cada vez mais populares por aqui. Muitos como eu queremos ver mais futebol de qualidade, e menos um "brasileirinho" vitrine de carnes novas para os europeus adquirirem a preços módicos.

Um grande problema, entretanto, suscita algumas questões. Enquanto as seleções da América do Sul aproveitam a tal "Data Fifa" para amistosos que geram dinheiro e não servem para mais nada, as equipes europeias "treinam" pra valer. Uma nova competição substitui boa parte dos amistosos entre as equipes do velho continente. Menos 'friendly", e mais "hardly", jogos que confrontam grandes seleções e que valem um título.

A UEFA já promove a Eurocopa, que só perde em importância para a Copa do Mundo.  Enquanto isso, abaixo do Equador se disputa uma fraquíssima Copa América onde, salvo raras exceções, Brasil e Argentina são aguardados para disputar o título, e muitos dos jogos são tratados como amistosos de luxo.

Todo mundo do futebol sabe que são as partidas à vera que preparam as grandes equipes, e os europeus praticamente viverão essa realidade todos os anos, o ano inteiro. Não tem mais brincadeira nem jogos caça-níqueis. O que significa que chegarão na Copa do Mundo cada vez mais fortes.

Quando as seleções sul americanas são eliminadas uma por uma nas fases distintas da maior competição entre nações, atribuímos ao acaso, fatalidade, mau dia do nosso craque. Experimentou culpar ter que se digladiar com um adversário melhor preparado, melhor entrosado?

A saída aponta para a CONCACAF e a COMEBOL se juntarem para copiar esse modelo, criando uma grande liga de seleções envolvendo toda a América, como uma alternativa para buscar fortalecer o futebol no continente como um todo. Do contrário, os europeus dominarão de vez a Copa do Mundo, e Brasil, Argentina, Uruguai e demais postulantes do Hemisfério Sul vão se juntar às exóticas equipes da África, Ásia e Oceania, para as quais "O importante é participar".


Por: Everaldo de Jesus, jornalista e mestrando em História pela Universidade Estadual da Bahia

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