A tortura em Zé Dirceu.


A tortura em Zé Dirceu.


Quando o Juiz Sérgio Moro decretou a prisão de José Dirceu, o envolvendo diretamente na Operação Lava Jato, os militantes do Partido dos Trabalhadores perceberam que o Comandante, aquele que transformou um amontoado de ideias, na mais respeitada e vitoriosa agremiação partidária do Brasil sabia ele que aquele momento era um grande baque na moral da tropa. Também sabiam que foi durante o período em que Zé se tornou, em 1995, presidente do PT, que ele teria montado as estratégias que levariam Luís Inácio Lula da Silva e seu grupo a Presidência da Republica no ano de 2002. O que aconteceria novamente quatro anos depois, com a hoje presidenta Dilma Roussef a conseguir dar sequência ao projeto de desenvolvimento e apoio aos mais carentes da sociedade. Transformando, ele e todo o grupo de Petistas, em alvo de perseguição por uma parte da imprensa, dos velhos políticos, da sociedade que agora divide avião com a nova classe, e de parte justiça. Que parece estar empenhada em destruir um dos símbolos da recondução do país a democracia. A militância ficou órfã do seu Comandante.
Distante dos holofotes, o Zé, como amigos e familiares mais próximos o tratam, é uma pessoa comum. Igual a qualquer um de nós. Sorri como um mortal, conversa sobre temas distantes da politica. Gosta de contar, e muito mais de ouvir histórias. Atencioso com quem o visitava em casa. Estava sempre a disposição de um bom papo. Certa feita, ele foi visitado por alguns políticos. Conversa vai, conversa vem, Zé foi perguntado sobre o que estava achando da situação do país. Isto aconteceu no inicio de 2015, em Brasília. Ele então falou da situação politica na Bahia, da força de Wagner, discorreu sobre o que acontecia em Sergipe, e perguntou sobre Márcio Macedo, que veio mais tarde se tornar o Tesoureiro do PT, após a prisão de Vaccari, do Rio lembrou da liderança de Cantalice, em Minas falou sobre Pimentel e Durval Ângelo. O velho Comandante mostrava que estava privado da circulação, mas que tinha o controle de tudo o que acontecia na politica nacional. Não ficou uma região de fora daquela conversa.
Naquele dia, percebemos o carinho que Zé demostrava com sua filha, a caçula, do atual casamento dele. Enquanto rolava a conversa, por várias vezes ele se levantou para dar atenção a garota. Hora era para ajuda-la com uma moto elétrica, outra para atender ao chamado da mesma e ver algo no celular da filha.
No dia em que Zé foi levado, novamente a prisão, por determinação de Moro, aquele momento já era esperada por todos, ele estava cumprindo a prisão domiciliar. Foi o que alguns juristas chamaram de “prisão da prisão”. Caracterizando um fato extraordinário na justiça, não tendo registros anteriores na literatura. E mesmo sendo algo difícil de ser aceito por todos, eles tiveram que superar mais esse baque. Com certeza, o que mais doeu em Zé, provavelmente, foi ter que ficar distante de sua família. Esse “medo” era visível no rosto dele. O amor demostrado por ele aos filhos esteve presente, e pode ser visto por quem esteve com eles. Levado, encarcerado, acusado por criminosos confessos, o maior estrategista é vitima da tal “delação premiada”. Que consiste na deduragem de um bandido, em acordo com um juiz, para acusar, mesmo que não tenha nenhuma prova, pessoas que terão que se defender. O quadrilheiro, depois de fazer as denuncias que agradam a justiça, recebe como prêmio a diminuição de sua pena, e em alguns casos, a sua liberdade. Deixando que todos os supostos envolvidos tenham que se explicar.
Preso desde o dia, 03 de agosto de 2015, Zé está na cadeia no estado do Paraná, onde está a base da justiça que tenta desvendar os crimes que envolvem recebimento de dinheiro por ex-funcionários da Petrobras em conluio, segundo as delações, com políticos. Mas ele ainda não foi ouvido pela justiça. E enquanto outras pessoas que foram encarceradas, Zé Dirceu já deixou bem claro que não participará de nenhuma delação, seja ela premiada ou não. Talvez esteja nesta informação, o que realmente acontece naquela prisão. Zé está sendo torturado psicologicamente para que, cansado, humilhado, venha a falar de algo que não teve a sua participação.
Lembremos o caso da ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, que em seu voto contra ele, no caso Mensalão, declarou “Não tenho provas contra Dirceu, mas vou condena-lo porque a literatura jurídica me permite”. Ou seja, ela o condenou sem que tivessem uma única prova contra ele. O que mostra que mais do que qualquer coisa, o objetivo era o de destruir a cabeça que comandava o Partido dos Trabalhadores. E que o fez ser o maior da esquerda nas Américas.
Mas há uma certeza no seio da família do Dirceu. As coisas estão difíceis, mas vão ser superadas. Para o filho, e Deputado federal Zeca Dirceu, que o visita semanalmente na prisão. Uma coisa importante para a militância cobrar, é que o Zé seja ouvido, e não continue a ser torturado psicologicamente. E que o Moro ouça, investigue e julgue, imparcialmente. Não como a Rosa Weber, mas segundo o que determina o inciso LVII do art. 5º da Constituição Federal de 1988: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".
A atual prisão no Paraná não se justifica juridicamente, há não ser do ponto de vista politico. Viés que vem sendo praticado pelos membros do comando da operação lava jato.
Na prisão o Zé Dirceu passou por problemas de saúde. Hipertenso, ele teve complicações por ter ficado sem os seus medicamentos nos primeiros dias de sua prisão, agravando seu quadro de saúde. O que poderia levar a complicações mais sérias, caso a justiça demorasse ainda mais a autorizar o uso das mesmas. Naquele momento, ele teria, segundo relato, entrado em um quadro inicial de depressão. Não agravado porque os familiares providenciaram médicos e organizaram as visitas. Hoje ele está em um centro médico. Sua saúde melhorou bastante, e ele está com o moral elevado, esperando que seja feito justiça em seu caso. Que um criminoso, por força de uma delação sem provas, não possa ter a força que vem alcançando nos tribunais. Hoje, qualquer bandido acusa alguém e sai da cadeia, deixando para trás, pessoas que irão enfrentar as barras da justiça para provar a sua inocência. Invertendo o sentido do Direito. “Há dois pesos e duas medidas” disse Zeca, se referindo a justiça contra as lideranças de esquerda, e aquela que não faz o mesmo quando são lideranças do PSDB e da Direita Brasileira. Evidenciados na postura da policia federal, do ministério público, e do judiciário. A única coisa que se espera é justiça!
Dimas Roque.
Foto: G1.

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