Binho viveu a vida como poucos que conheci.

Se há alguém a ser definido como um “moleque”, na essência mais pura da palavra, este era Binho. Como poucos neste mundo ele conseguiu ser a vida em pessoa. Ao definir ele, eu me recordo de um momento nosso, quando depois de estarmos, Eu, Ele e Luciano Bilunga, um dia e uma noite de farra, ao amanhecer do segundo dia descobrimos que haveria uma “alvorada em Jeremoabo”. E como sempre, ele teve a ideia de irmos a festa. O problema eram as nossas esposas. O que inventar? E seguindo seus argumentos, dissemos em casa que iriamos produzir uma banda por lá. Comigo deu tudo certo. Mas chegando na casa dele, ficamos no carro, e até a pouco tempo ainda lembrávamos do grito vindo de dentro, “quem são os moleques que estão com você?”. Rimos muito e nos tratávamos de moleques.
Mas Binho foi mais do que um moleque, ele deu a vida sentido. Para ele o que importava era o momento, e ser feliz. Muitas vezes dizíamos que não podia comer doce, mas ele os comia e degustava de tal maneira, que havia sentido naquele prazer. Ou quando tomava refrigerante, e mesmo os amigos e familiares reclamando, Rosevaldo Vieira Gomes os tomava e os degustava. Nunca de forma definitiva, mas sabendo que poderia amanhã fazer tudo novamente.
Nós sabíamos que havia uma luta interna contra seus rins. Mas Binho fez tamanha amizade com a sua vida, que ela o fez permanecer entre nós por todo o tempo que lhe foi possível. Muitas vezes ele fraquejou, mas a vida, a essência, o sopro divino, não o abandonou. Ela o manteve entre nós para que pudéssemos ver como a felicidade pode permanecer em um ser humano.
Confesso, eu estava brigado com meu amigo, e tive a oportunidade de falar com ele na semana passada, mas não o fiz. Nem ele, nem eu! Muito porque fomos tão parecidos. No amor pela vida e em não querer dar o primeiro passo. Hoje Ângela me falou que o encontrou, com sua atual esposa, em um supermercado. Ele falou alegremente com ela. Perguntou por um de nossos filhos e me mandou um abraço. Estou triste, muito triste, porque não nos demos este momento antes de sua partida. Mas “Roseta”, saiba que eu te amei muito como amigo e irmão. Te pedir perdão agora por não ter feito isto, soa como algo piegas, até para mim. Eu quero é que todos saibam, que partiu ao encontro do Pai mais uma pessoa que, com a camisa do Fluminense chega para animar o Céu.

Que os anjos te recebam com festa meu amigo!

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