É que, sempre que Jorge Papapá me liga, ou que eu ligo para
ele, a conversa vem carregada de riso e ternura.
A intenção, naquele momento, era falar sobre uma carta de Putin a Lula… mas, como sempre acontece entre nós, a pauta desviou-se para o que nos une de verdade, a poesia.
Autor de versos que se eternizaram em melodias, como “O Amor de Ninguém”, gravada pela banda Aliamba e depois por Daniela Mercury, e “Deixo”, em parceria com Sérgio Passos, imortalizada na voz de Ivete Sangalo.
Pois bem… conversa vai, conversa vem, e eu, com a ousadia de um amigo íntimo, o provoquei, “Papapá, cadê a poesia que denuncie as atrocidades que Israel vem cometendo contra o povo palestino? Cadê a letra que seja flecha, grito, cicatriz?”
Expliquei minha inquietação, que é imensa, lembrando-me de
obras que marcaram gerações, como The Wall do Pink Floyd ou Rosa de Hiroshima,
gravada por Secos & Molhados.
Como pode, perguntei, que um poeta brasileiro de hoje ainda não tenha erguido a voz contra a violência sionista?
Ele me respondeu com serenidade, mas também com tristeza que
o mundo da música mudou… e não para melhor.
Hoje, tudo é feito para o consumo rápido, imediato.
O que mais circula nas ondas sonoras não é o que eu cobro
dele.
Ainda assim, disse ele, há muita coisa boa sendo feita, só
que longe das paradas de sucesso.
O mercado, esse velho senhor impiedoso, continua ditando o que o povo deve ouvir.
Lembramos, então, de Caetano, Chico, Gil… e das letras que
faziam pensar, que cutucavam a alma, fossem sobre questões sociais ou dramas
pessoais.
Hoje, infelizmente, a poesia de protesto parece ter sido sepultada.
Mas eu insisti que nossas vozes, nossos teclados, nossos
violões não podem se calar.
Mesmo que incomode.
Mesmo que doa.
Porque o silêncio, neste caso, também é violência.
Palestina livre!
Salvem o povo palestino!
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