No final dos anos 60 e
início dos anos 70 existia no Brasil o chamado Curso de Admissão, que era o
passo para se chegar ao Ginasial. Era através de um exame, espécie de
vestibular entre o curso primário e o ginasial, que aqueles que quisessem
continuar a estudar tinham que passar e seguir seus estudos. Lembro, que mesmo
ainda sendo criança, ia a Casa da Criança I em Paulo Afonso na Bahia e via e
ouvia a empolgação daqueles que passariam pelo teste. Era como se todos buscassem
mostrar que tinham a capacidade de serem aprovados. Era uma festa.
Posteriormente lembro-me das
notícias que chagavam de Salvador e principalmente de Recife, que ao receberem
os alunos de Paulo Afonso e Delmiro, Alagoas, que iam prestar o vestibular, nos
melhores cursos ou nas Escolas Técnicas, eram aprovados com êxito. A ida deles,
quase sempre resultava em admissão. Eram dias onde o estudo que era praticado
no Colepa – Colégio Paulo Afonso, ligado a CHESF – Companhia Hidrelétrica do
São Francisco, no Colégio Sete de Setembro, Centro Evangélico de Recuperação
Social de Paulo Afonso e posteriormente o Polivalente, do governo do estado,
era de glória para todos no estudo.
Naqueles anos, professores
eram exaltados por suas competências em ministrar aulas. Alguns deles eram
referências para os alunos. Bastava estar em uma série ou curso, onde os
mestres davam aulas, para que todos soubessem que aqueles alunos eram especiais
e teriam bom conteúdo. Isso também se aplicava até na educação física, onde o
handebol, o voleibol e o atletismo deram grandes atletas e times que disputaram
campeonatos pelo nordeste e saíram vitoriosos.
Chegamos aos dias atuais. E
como entender agora, que muitos dos alunos que terminam o segundo grau, não
conseguem dizer cinco frases sem cometer erros nos português. Ou mesmo, que não
aprenderam quase nada do que foi dado em sala de aula. Onde está o erro? Se
hoje temos melhores escolas. Com alguns erros e falhas pontuais, mas que no
geral têm; salas bem conservadas, cadeiras confortáveis, algumas salas com
ar-condicionado, lanche, material didático de qualidade, recebem fardamentos, bibliotecas
nas escolas, aumentos de salários anualmente e com piso salarial definido pelo
governo federal. Ora, com todo o respeito que se deve ter aos nossos
educadores, mas está na hora de se cobrar metas e resultados dos profissionais
da área. Para isto, deve ter em cada estado da federação uma escola para a
reciclagem dos mesmos anualmente e cobrança de resultado com prova a cada final
de semestre a serem aplicadas aos alunos. Assim, os municípios teriam como
avaliar o trabalha de cada professor individualmente. O que não pode é
continuar a educação sendo tocada como mercado persa, onde se vende de tudo,
menos uma educação de qualidade para os nossos jovens. Se continuarmos a tocar
o ensino público dessa forma, estaremos criando uma geração perdida, e teremos
dificuldades, no futuro, de termos bons cientistas, intelectuais e pensadores.
Para terminar, relato um
exemplo que é comum nas cidades do Brasil. Professores dão aula na rede pública
e na particular. Na primeira, alguns vivem de contratar Substitutos. Pagam a
estes muitas vezes um salário mínimo, ou menos que isso, e todos os dias estão
dando aulas na segunda. Outros não faltam um só dia nas particulares. São
frequentadores assíduos. Mas, nas escolas onde o povo estuda, vivem de atestado
médico. Ou mudamos essa cultura, ou estamos deixando um legado onde melhoramos
o que há de pior no ensino público, que é a falta de compromisso com nossos
jovens.
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