Jornalista Luiz Eduardo Costa fala sobre a cobertura jornalistica das eleições em Canindé.


Enquanto a maior parte da imprensa Sergipana se cala para o abandono da cidade.

"Meu caro amigo Marcos Franco,
A coluna Periscópio do seu prestigioso JORNAL DA CIDADE, nos últimos dias vem dando especial destaque a episódios do dia a dia político de Canindé. Nas notas publicadas, é sempre possível identificar-se a digital de um interesse. Isso faz parte do jogo político, e os caros colegas jornalistas que formam a equipe responsável pela coluna, nem por isso se desqualificam, pelo contrário, o que fazem, mesmo satisfazendo às fontes que os utilizam, serve para que se estabeleça o contraditório, contribui para que, democraticamente, se explicitem os fatos.
Você acompanhou de bem perto a luta que travei, tendo o seu jornal como trincheira que me foi assegurada, sempre com integral liberdade, pelo seu pai e meu sempre saudoso amigo, Antonio Carlos Leite Franco. Os túmulos de ACF, do seu avô Augusto Franco, são dois dos que incluo nas visitas que faço ao Santa Izabel, reverenciando as pessoas queridas que se foram, e também, para meditar sobre a fragilidade da vida, e da necessidade que temos de aproveitá-la, de modo a fazer com que as vaidades, os ódios e o egoísmo não contaminem a curta passagem. Lá se vão doze anos, desde que, por imperativo moral, me vi obrigado a uma luta que para muitos parecia inútil e infrutífera. Nesse período, a Justiça prevaleceu. As instituições de Sergipe não permitiram que o sangue do radialista Cazuza, restasse impunemente derramado.
Sobre mim, não podem recair, tanto tempo depois, insinuações infames, de quem , por hábito costumeiro de esquivar-se, as espalha de forma leviana, enquanto se mantém na comodidade tíbia dos que não assumem os próprios atos.
Tenho por natureza, talvez por inafastável herança genética, o hábito de não deixar que a sombra da covardia torne dúbios ou amorfos os atos que pratico, as posições que assumo. Por isso, sempre assino o que escrevo, sempre me responsabilizo, diretamente, pelo que digo. Assumo o que faço e o que penso, sem o recurso mofino a terceiros.
Canindé, mais uma vez, está na origem de tudo. Pelo reverencial respeito que devoto aos meios de comunicação e à opinião pública, peço a compreensão do prezado amigo para, através do seu jornal, revelar aos sergipanos o que efetivamente acontece hoje em Canindé.
O grupo que está no poder naquele município, hoje capitaneado pelo suplente de senador Kaká Andrade, resolveu, unilateralmente, reeditando velhas práticas dos tempos dos coronéis, retirar do desgastado bolso do colete um candidato. Trata-se do comerciante conhecido como Ednaldo da Farmácia. Ele nunca exerceu qualquer cargo público, nunca teve qualquer participação efetiva na vida política do município. Sempre viveu atrás do seu balcão de comerciante trabalhador e eficiente nos seus negócios. Tanto assim, que obteve o raro privilégio de ter sido, ao longo de oito anos, fornecedor exclusivo de remédios para a Prefeitura de Canindé.
As relações comerciais devem ter cimentado a preferência política, e assim, ele foi ungido e sacramentado candidato oficial à sucessão. Não foram ouvidos os que estiveram na eleição passada no mesmo palanque junto com o Prefeito Orlandinho Andrade, na reeleição dele, e em duas sucessivas eleições estaduais. Este grupo, formado pelo deputado estadual João Daniel, pelo PT, pelo MST e outros movimentos sociais, pelo deputado federal Heleno Silva, e por este escrevinhador que sempre se intromete nos embates políticos, não concordou com a escolha autoritária de um candidato que não possui nenhum resquício de capacidade administrativa para governar um município que , este mês, arrecadou mais de Doze Milhões de Reais, além do mais, está preso exclusivamente aos compromissos assumidos com o seu mentor político e guia eleitoral, Kaká Andrade, que, por sua vez, alimenta ambiciosos projetos pessoais para 2014, e, para eles, Canindé seria um recheado trampolim.
Canindé exige um candidato que demonstre capacidade para gerir de forma competente e transparente uma arrecadação mensal média de dez milhões de reais. Os problemas sociais no município estão irresolvidos, e a maior prova disso é o próprio Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH. Em Canindé o desemprego é alarmante, um hospital arrasta-se numa infindável construção inacabada há seis longos anos; há um lixão enorme sobre uma nascente cujas águas correm para o São Francisco e onde são lançados restos hospitalares de um arremedo de hospital, que, por sinal, funciona pessimamente. Todas as obras principais realizadas em Canindé foram executadas pelo governo do estado.
Diante desse quadro, que não é dos mais promissores, o candidato oficial diz, num comício, que não vai mostrar seus projetos, nem discutir suas idéias em entrevistas, debates, ou nas reuniões com os movimentos sociais e os sindicatos que pedem a sua presença. Ednaldo revela que se inspira nos técnicos de futebol, e só vai mostrar o jogo no primeiro dia do seu mandato.
E o Prefeito Orlandinho, seu irmão, o suplente Kaká, ainda querem que pessoas responsáveis, assinem, confiantemente, um cheque em branco para que eles ponham e disponham sobre o futuro de Canindé, e de uma arrecadação que, em quatro anos, vai ultrapassar meio bilhão de reais? Tudo isso na mão de quem não tem capacidade administrativa nem compromisso, a não ser com os seus inventores e patronos?
E o povo de Canindé, vai continuar desempregado, sem perspectiva concreta para o futuro, muitos sobrevivendo com a esmola de cento e trinta reais, hoje transformada em moeda de troca eleitoral ?
São perguntas e duvidas que deveriam ser esclarecidas, bem antes da preocupação em mandar recados.
Grato pela atenção e pelo acolhimento do pedido que o seu espírito democrático por certo, não recusará.
Um abraço, do amigo
LUIZ EDUARDO COSTA.

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