Mário Júnior recebe milhões em emendas PIX no mês de novembro e prefeitos viram cabos eleitorais disfarçados

A plataforma “De Olho Em Você”, criada pelo analista César Augusto Rodrigues, revelou em novembro uma nova leva de liberações de Emendas Pix que escancarou o uso político de recursos públicos. Entre os beneficiados está o deputado federal Mário Júnior (PP-BA), que aparece na lista como um dos parlamentares contemplados com valores expressivos, enquanto outros seguem à margem do sistema. As Emendas Pix, como são chamadas, são transferências diretas para prefeituras sem qualquer exigência de projeto ou prestação de contas detalhada, o que tem gerado indignação entre especialistas em transparência pública.

O mecanismo, embora legalizado, tem sido usado como moeda de troca eleitoral. Deputados que recebem os repasses fortalecem suas bases municipais com dinheiro fácil, transformando prefeitos em aliados políticos obrigatórios. Em vez de projetos estruturantes, o dinheiro é pulverizado em ações pontuais que garantem visibilidade ao parlamentar, como reformas de praças, compra de ambulâncias e pequenas obras que rendem fotos e votos. O presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), é apontado como o principal articulador da distribuição, operando uma espécie de balcão de favores com recursos públicos.

Mário Júnior, que preside a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, tem se posicionado contra decisões do Supremo Tribunal Federal que tentam frear esse tipo de emenda. Em agosto, criticou a suspensão determinada pelo ministro Flávio Dino, alegando que o Parlamento deveria “dar uma resposta à altura”. A fala, longe de ser isolada, revela o incômodo de quem vê ameaçada uma das principais ferramentas de manutenção de poder político. A defesa das Emendas Pix por parte de seus beneficiários escancara o quanto o sistema está contaminado por interesses eleitorais disfarçados de gestão pública.

Enquanto isso, municípios que não têm padrinhos em Brasília seguem sem acesso aos mesmos recursos, aprofundando desigualdades regionais e criando uma nova elite de prefeitos dependentes. A falta de critérios técnicos e a ausência de transparência tornam as Emendas Pix um dos maiores escândalos silenciosos da política brasileira atual. O caso de Mário Júnior é apenas mais um exemplo de como o dinheiro público virou instrumento de campanha antecipada, com o aval da presidência da Câmara e o silêncio cúmplice de boa parte do Congresso.

Abaixo a lista de prefeituras beneficiadas e valores liberados e empenhados.




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