O meu querido amigo, Emiliano José, que já foi deputado estadual e federal do Partido dos Trabalhadores pelo estado da Bahia, está lançando mais um livro. Este é mais um de uma lista de livros em sua vida como escritor. Ele é Jornalista de profissão e professor da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Trabalhou nos jornais Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia, O Estado de São Paulo, O Globo, Alternativo Baiano Invasão. Colaborou nos Jornais Opinião e Movimento. É um dos fundadores do Jornal Em Tempo e nas revistas Caros Amigos, A Tarde e Carta Capital. O cabra é muito respeitado no meio jornalístico.
Pois, após lançar o livro “Lamarca,
o capitão da guerrilha no ano 1980 com o, também, jornalista, Oldack Miranda e
que virou filme do diretor Sérgio Rezende, ele tomou gosto pelo formato da nova
escrita e já está no seu decimo sétimo livro com “O cão morde a noite”.
Antes, escreveu “Narciso no fundo das Galés” em 1990, “Marighella: inimigo
número um da ditadura militar”, este no ano de 1997. “As asas invisíveis do
Padre Renzo”. Este Traduzido para o italiano com o título de “Don Renzo Rossi:
un prete fiorentino nelle carceri del Brasile” e que também virou filme.
Escreveu cinco volumes de “Galeria F: lembranças do mar cinzento”. Sendo o
último destes contando a história da última clandestina em Paris e que, também,
virou filme. Escrevei três volumes voltados ao tema jornalismo: Imprensa e
poder, jornalismo de campanha e intervenção da imprensa na politica brasileira.
Ainda teve a impressionante biografia do ex-governador Waldir Pires em seus
dois volumes.
Agora com este novíssimo
lançamento, O cão morde a noite, mais uma vez o autor revisita suas
memorias. Emiliano fala de sua infância na Fazenda caxambu e da convivência que
teve com seu pai, que era “uma espécie de gerente” no interior de São Paulo.
Conta da sua paixão por cavalos e de como perdeu a chance de se tornar um
jóquei quando, convidado para tal pelo proprietário das terras, mas o genitor
preferiu que ele continuasse a ajuda-lo nos afazeres. Como diz “poderia ter
sido um jóquei”, mas o pai não permitiu. Ele diz que “o Brasil perdeu um bom cavalariço
e não sabe se ganhou um bom escritor”.
No livro ele revisita os quatro
anos em que foi torturado pelo regime militar. Fala como se quisesse dar um
basta nas memorias que teimam em permanecer e machucar. E diz que sua
literatura o fez se libertar do estilo jornalístico de escrever e enveredar
neste formato pessoa de escritor onde cada livro traz um enredo já pronto para,
caso um cineasta queira, usar como base principal do seu roteiro.
Emiliano diz que com os livros se
libertou de alguma forma do formato de escrita do jornalismo, que é uma prisão,
já que o profissional fica apegado aos fatos. Seria como uma armadura, já que
não pode “dizer isto, dizer aquilo”. No, O cão morde a noite, o escritor
fala que soltou a subjetividade, da mesma forma que já teria feito no “a última
clandestina em Paris”, que fala de Maria José Malheiros, a militante da Ação
Popular que viveu 40 anos com um nome falso.
Falando sobre o título do livro,
Emiliano lembrou que ele vem de uma lembrança que ficou em sua mente. Pode ser
uma lembra, um episódio, pode até ter sido um sonho. O certo é que existe essa
imagem existe e o acompanha. É um cachorro alto, fino, negro e bravo que morde
uma criança no rosto à noite. “Se me perguntarem o quê foi isso? Eu responderei
que não sei!”. É só uma lembrança no imaginário do autor.
Como toda a narrativa no livro
fala de sua infância, revisita as torturas que sofreu pela ditadura militar e
marca este período tão doloroso em sua vida que terminou em 1974 quando saiu da
prisão. A subjetividade do título O cão morde a noite, é livre para que
cada leitor possa revisitar suas próprias memorias. E como bem lembra meu amigo
Emiliano, o livro não é um mergulho intimista de sua própria história, é
retrato de um tempo de ditadura, de violência que não diz respeito unicamente a
ele, mas também a várias companheiras e vários companheiros que sofreram
torturas e que viveram e vivem as suas dores.
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