“No Brasil a democracia é uma plantinha tenra, que necessita
de cuidados para não fenecer”.
A autoria desta frase é incertamente atribuída a
diversos políticos, mas, o que se te
m bem sabido, é que ela surgiu após o fim do Estado Novo quando o país
atravessava o inseguro período de redemocratização, A democracia não é uma ¨plantinha tenra ¨ apenas no Brasil, na verdade, o
chamado talvez um tanto ufanisticamente, sistema de governo do povo para o povo e pelo povo, é uma experiência muito
recentemente incluída no processo civilizatório de alguns países, na sua grande maioria ocidentais e
desenvolvidos.
A História da humanidade se confunde com as biografias de
déspotas, esclarecidos uns poucos, e não esclarecidos, quase todos.
A feição autoritária ou mesmo totalitária é quase a mesma,
surgindo desde os primórdios da civilização até o período dito moderno, em que,
tendo chegado ao clímax do progresso tecnológico, a humanidade colocou a
tecnologia à serviço da sua própria destruição. Por trás das hecatombes dos
séculos 19 e 20, estava o germe nefasto da visão totalitária a contaminar a
sociedade quando, este ano fez 100 anos, Alemanha, França , Inglaterra e Rússia se
engalfinharam na guerra que foi a primeira mundial, o Kaiser alemão e o Tzar russo eram dois autocratas, enquanto
a França e a Inglaterra definiam-se como
países democráticos, mas , tanto os russos, e alemães, como os ingleses e
franceses foram morrer pela pátria sem saber exatamente porque morriam.
A democracia como idéia e prática efetiva da soberania popular,
tem sido apenas um ensaio registrado num curto espaço de tempo, do qual as
últimas gerações participaram como se fossem pilotos de prova, sofrendo as consequências
de bruscos retrocessos, aqueles riscos representados pelas recorrentes
investidas dos sempre inadaptados a esse novíssimo modelo de convivência
humana, fundamentada no pluralismo, no voto livre e na igualdade de direitos.
Esses que odeiam a democracia fazem coisas assim, como as
manifestações que estão acontecendo em cidades brasileiras, sempre, e felizmente,
com menos de cem pessoas pedindo intervenção militar, ou seja, mais uma
ditadura. Talvez sonhem com um Jair Bolsonaro alcançando o posto de grande
coiceiro da República.
A democracia tem essa
característica singular que é tolerar, ou melhor, assegurar, o pleno direito de quem deseja sepultá-la.
Resta saber se os que renegam a democracia, vivendo, depois,
na ditadura que pediram, teriam o mesmo direito de, arrependidos, clamarem pela
volta do regime que ajudaram a suprimir.
Luiz Eduardo Costa – Jornalista e Ouvidor Geral do Estado de
Sergipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário