Negros invadem o Palácio com trombones e tamborins

Salvador viveu um momento histórico nesta segunda-feira (13), quando a Orquestra Afrosinfônica inaugurou sua nova sede no emblemático Palácio da Aclamação. O que antes era símbolo da elite branca e colonial agora pulsa ao som dos atabaques, trombones e violinos negros. A cerimônia, marcada por emoção e ancestralidade, foi prestigiada pelo governador Jerônimo Rodrigues, que não economizou nos elogios, “a Bahia é terra de cultura viva, e hoje ela ocupa o espaço que sempre lhe foi negado.”

A nova sede não é apenas um endereço. É um gesto político. É a afirmação de que a cultura negra não será mais periférica. Sob a batuta do maestro Ubiratan Marques, a Afrosinfônica transforma o Palácio em território de resistência e arte. “Aqui não se toca só música. Aqui se toca história, se toca identidade”, disse o maestro, enquanto os músicos executavam uma versão sinfônica de “Ilê Ayê”.

O projeto, apoiado pelo Governo da Bahia e articulado com sensibilidade pelo Partido dos Trabalhadores, é parte de uma política cultural que não se limita a eventos pontuais. É estrutura, é permanência. A sede será espaço de ensaios, oficinas, apresentações e formação de jovens músicos da periferia. “A cultura é ferramenta de transformação social. E nós estamos aqui para garantir que ela chegue onde precisa”, afirmou Jerônimo.

A plateia, formada por artistas, militantes e moradores do Centro Histórico, reagiu com lágrimas e aplausos. O Palácio, que já foi palco de decisões políticas conservadoras, agora vibra com os tambores da mudança. E quem ainda duvida que cultura é poder, precisa ouvir a Afrosinfônica ao vivo.

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