A máquina de comunicação do Partido dos Trabalhadores parece ter mudado de marchas nas últimas semanas com menos trincheira, mais cintura. Nos bastidores, estrategistas e assessores afirmam que a tática agora combina ritmo acelerado de entregas com narrativas pensadas para tocar o cotidiano, não para polemizar por polemizar. O objetivo declarado por interlocutores próximos à Presidência é simples, transformar cada ação concreta em história humana que reverbere nas redes e nas praças.
Assessores enfatizam que não se trata de maquiagem, as peças
de comunicação são construídas sobre entregas reais, com cronogramas públicos e
protagonistas identificáveis. O efeito buscado é estratégico de seduzir o
eleitorado pelo reconhecimento tangível de melhorias no dia a dia, deslocando o
debate do reino das acusações para o território das evidências. Num cenário em
que as narrativas se sobrepõem em velocidade, a aposta é que quem controla a
memória imediata das comunidades controla também parte da disputa pelo afeto
político.
A leitura de operadores políticos aliados à Presidência é
otimista. Eles acreditam que a combinação entre presença governamental em
municípios e uma narrativa que humaniza políticas públicas pode ampliar a base
de apoio sem necessariamente radicalizar o embate com opositores. Fontes na
cúpula do partido destacam ainda que disciplina e transparência serão
fundamentais para sustentar esse aparelho comunicacional com promessas medíveis
e publicidade das metas evitam acusações de espetáculo sem conteúdo.
Há, naturalmente, vozes críticas que enxergam risco de
“encenação” e recomendam que a máquina acompanhe cada peça de comunicação com
auditoria externa e mecanismos de participação cidadã. Para governistas, esses
contrapesos são bem-vindos e servem para legitimar o discurso e transformar
sedução em governança concreta.
Se a estratégia se confirmar nas próximas semanas, com
anúncios que se traduzam em serviço entregue e relatos verificáveis das
comunidades, a tentativa será convertida em capital político de longo prazo. O
desafio, dizem conselheiros, é manter a cadência para seduzir hoje, cumprir
amanhã, e mostrar para a população que o protagonista das narrativas é quem
vive e percebe a mudança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário