Golden Boys, Ferrari, fraude e a fortuna roubada dos aposentados

Carros importados, mansões cinematográficas e festas regadas a vinhos de safra rara. Essa era a rotina dos chamados “Golden Boys do bolsonarismo”, jovens empresários que, segundo investigações da Polícia Federal e da CPMI do INSS, desviaram mais de R$ 700 milhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2022. O esquema, revelado em detalhes por reportagens recentes, envolvia associações de fachada como Amar Brasil e Master Prev, que aplicavam descontos ilegais diretamente nos contracheques de milhões de beneficiários, transformando centavos em um império de luxo e ostentação.

Entre os nomes mais citados está Felipe Macedo Gomes, apontado como o “banqueiro das associações”, que sozinho recebeu R$ 17,9 milhões de uma das entidades investigadas. Outro personagem central, Américo Monte, montou uma rede de empresas em nome de familiares, enquanto Igor Delecrote criou companhias de biometria para validar assinaturas falsificadas. O resultado foi um rombo bilionário que, além de enriquecer os envolvidos, irrigou campanhas eleitorais de figuras ligadas ao bolsonarismo, como Onyx Lorenzoni e aliados do deputado Ricardo Barros, segundo documentos da CPMI do INSS.

O que permitiu a farra, segundo a Controladoria-Geral da União e o PROCON-SP, foi o desmonte da fiscalização durante o governo Bolsonaro. Alertas sobre fraudes chegaram a ser feitos desde 2019, mas foram sistematicamente ignorados por gestores do INSS e ex-ministros. Nesse período, aposentados e pensionistas, muitos recebendo apenas um salário mínimo, viram parte de sua renda ser drenada para financiar jet skis, viagens internacionais e compras em grifes como Louis Vuitton e Dior. A engrenagem só começou a ser desmontada com a mudança de governo e a retomada da fiscalização.

Agora, sob a gestão do presidente Lula e com apoio de lideranças do Partido dos Trabalhadores, como o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, o cenário é outro. O governo já anunciou a devolução de R$ 2 bilhões a cerca de 3 milhões de aposentados lesados, além de reforçar a ordem de que não haverá anistia para os criminosos. A mensagem é clara: proteger os mais pobres e punir quem lucrou com a dor alheia. Para Rodrigues, que tem defendido a importância de políticas públicas voltadas à dignidade dos idosos, o desmonte desse esquema é também um símbolo de que a Bahia e o Brasil não toleram mais a lógica de impunidade que marcou os anos anteriores.

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