Canhões Piratas dos EUA rugem no caribe enquanto petróleo venezuelano vira tesouro de saque

Os ataques ordenados por Donald Trump contra embarcações no Caribe e no Pacífico, sob a justificativa de combate ao narcotráfico, vêm sendo denunciados por governos latino-americanos e especialistas em direito internacional como execuções extrajudiciais e violações flagrantes da soberania regional. Em outubro de 2025, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou os Estados Unidos de praticarem “execuções” em alto-mar, lembrando que até pescadores civis foram mortos em operações sem provas apresentadas publicamente. A ONU também alertou que tais ações configuram uso desproporcional da força e afrontam convenções internacionais sobre o direito do mar.

Na costa da Venezuela, os episódios se multiplicaram. Em 14 de outubro, Trump anunciou que um ataque americano matou seis pessoas a bordo de um barco supostamente ligado ao narcotráfico, mas não apresentou evidências concretas sobre a acusação. Dias antes, outro bombardeio havia deixado onze mortos em uma embarcação venezuelana, com Trump celebrando o resultado em sua rede Truth Social e classificando os alvos como “terroristas”. A ausência de provas e a repetição de operações letais reforçam a percepção de que o discurso antidrogas serve de cortina de fumaça para uma política de intimidação e controle sobre as rotas marítimas próximas às reservas de petróleo venezuelanas.

A crítica de pirataria moderna não é mero recurso retórico. Historicamente, os Estados Unidos intervieram em países latino-americanos sob pretextos variados, da “guerra às drogas” à “luta contra o comunismo”, mas sempre com interesses econômicos estratégicos em jogo. No caso venezuelano, o petróleo é o alvo evidente. Desde as sanções impostas em 2019, Washington busca enfraquecer Caracas e garantir acesso privilegiado às maiores reservas comprovadas do mundo. Os ataques a barcos, sem julgamento ou transparência, ecoam práticas de corsários de séculos passados, agora travestidas de operações militares de alta tecnologia.

A reação popular não se limita à indignação diplomática. No Brasil, sambistas e compositores já ensaiam um enredo que denuncia a pilhagem contemporânea. A letra, ainda em construção, contrapõe imagens de navios de guerra a velas negras de piratas, transformando drones em símbolos de saque moderno. O refrão fala de mares tingidos de sangue e de riquezas arrancadas de povos latino-americanos, mas também de resistência e solidariedade entre nações irmãs. A comunidade carnavalesca, ao abraçar o tema, resgata a tradição do samba como espaço de crítica social, onde a festa se torna trincheira cultural contra abusos de poder.

A mobilização em torno desse enredo mostra que o carnaval continua sendo palco de memória e denúncia. Oficinas de fantasia e rodas de samba em comunidades periféricas discutem não apenas estética, mas também geopolítica, transformando a indignação em arte coletiva. O desfile promete levar à avenida a imagem de Trump como pirata moderno, cercado de barris de petróleo e moedas douradas, enquanto alas inteiras representam pescadores e trabalhadores do mar, vítimas invisíveis da violência imperial.

Ao final, a denúncia é clara, não se trata de guerra às drogas, mas de pilhagem. O mar, que deveria ser espaço de vida e encontro, virou campo de execuções sumárias. E o petróleo, mais uma vez, aparece como maldição latino-americana, cobiçado por potências que, sob o manto da legalidade, repetem velhas práticas de saque.

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