Jerônimo troca as peças com aliança que vai rasgar o tabuleiro

A costura para 2026 na Bahia começou como sussurro em corredores e virou movimento de bastidor com cheiro de decisão. Enquanto cantos políticos ensaiavam velhas rixas, o governador Jerônimo Rodrigues e o PT trabalham a montagem de um mosaico de alianças que promete redesenhar o mapa eleitoral sem atropelar a agenda social que marcou seu governo. O que se desenha é uma estratégia calculada para ampliar apoios, blindar projetos e transformar apoios locais em governabilidade concreta.

A leitura política no Palácio é pragmática. Em vez de confrontos públicos, a ordem tem sido ouvir prefeitos, costurar entendimentos com legendas de centro e acalmar lideranças regionais com promessas de execução de obras e permanência de programas sociais. É um roteiro que prioriza resultados sobre retórica, e que tem como meta clara preservar e expandir conquistas em infraestrutura, saúde e educação. Para aliados, a mensagem é simples, somar para entregar.

Na base, o PT flerta com caciques municipais e possíveis coligações que não significam entrega de agenda. Em encontros discretos, dirigentes do partido reforçam que alianças devem servir como ponte para políticas públicas, não como moeda de troca para esvaziá-las. Esse enquadramento tem atraído políticos pragmáticos que veem no projeto de Jerônimo uma segurança administrativa capaz de garantir repasses e investimentos que os municípios há tempo aguardam.

O movimento também tem outra leitura, a tentativa de isolá-lo do populismo fácil e das narrativas radicais que viram barril de pólvora nas campanhas. Em privado, assessores destacam a aposta em uma campanha que fale à gestão, votos colhidos pela entrega de serviços e pela linguagem de resultados. O discurso, calibrado, busca transformar conquista técnica em capital político.

Riscos existem. Alianças amplas exigem concessões, e nem todas serão recebidas bem por setores mais à esquerda do partido. Há tensão latente entre manter o eleitor tradicional orgulhoso das bandeiras do PT e ampliar a base para garantir governabilidade no Congresso estadual e nas assembleias locais. A resposta do núcleo duro tem sido combinar diálogo ideológico com pactos pragmáticos e firmar compromissos públicos de manutenção de políticas-chave para acalmar a militância.

No fim, o tabuleiro que muda antes da primeira jogada tornou-se palco de uma ação que mistura articulação e propósito. Jerônimo Rodrigues, segundo aliados, prefere a costura silenciosa e a execução evidente de um plano é simples e ambicioso, ganhar tempo, garantir obras e transformar alianças em capacidade de gerir a Bahia para além dos cálculos eleitorais. Quem observa de fora vê apenas o burburinho, quem participa sabe que, desta vez, as peças estão sendo movidas para produzir mais do que promessas.

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