Câmara engaveta projeto e abre festa para o crime organizado

O projeto que busca endurecer o combate aos chamados devedores contumazes, apontados pela Receita Federal como engrenagens financeiras de facções criminosas, segue parado na Câmara dos Deputados desde a última semana. A proposta, que poderia fechar brechas usadas por empresas de fachada para lavar dinheiro e driblar o fisco, foi elaborada pelo governo federal e defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como peça essencial para enfrentar o crime organizado em sua raiz econômica. Segundo dados oficiais, mais de mil empresas acumulam dívidas que ultrapassam R$ 240 bilhões, valor que, em muitos casos, é usado como estratégia deliberada para sustentar atividades ilícitas.

Apesar da relevância, setores da oposição têm retardado a tramitação, alegando necessidade de ajustes no texto. Nos bastidores, parlamentares ligados ao Partido dos Trabalhadores denunciam que o atraso favorece diretamente grupos criminosos, que continuam explorando brechas legais para manter seus negócios. O governo, por sua vez, reforça que o projeto não criminaliza dificuldades pontuais de empresários, mas mira aqueles que usam a inadimplência como modelo de negócio, repetindo práticas que corroem a economia e financiam organizações perigosas.

Lula tem se posicionado de forma firme, cobrando celeridade e destacando que o Brasil não pode permitir que o crime organizado dite as regras do mercado. O presidente ressaltou que o projeto é parte de uma estratégia mais ampla de fortalecimento da Polícia Federal e de integração com órgãos de fiscalização, garantindo que o Estado recupere recursos e desmonte estruturas financeiras das facções. Para o PT, a aprovação representa não apenas um avanço jurídico, mas também um recado político de que o país não será refém de quem lucra com a ilegalidade.

Enquanto a votação não acontece, cresce a pressão popular e institucional para que a Câmara coloque o tema em pauta. Movimentos sociais e entidades empresariais alinhadas ao governo defendem que a medida é urgente e que o atraso compromete a credibilidade do Legislativo. A expectativa é que, com articulação da base governista e apoio de setores independentes, o projeto avance nos próximos dias, consolidando a narrativa de que o governo Lula está disposto a enfrentar o crime organizado não apenas nas ruas, mas também nos cofres.

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