CPI do crime organizado vai abrir a caixa-preta que muita gente teme

A instalação da CPI do Crime Organizado no Senado, presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), marcou um divisor de águas na política brasileira. A comissão nasce com a missão de investigar a atuação de facções criminosas e milícias, mas também expõe o nervosismo de setores que sempre lucraram com a sombra da ilegalidade. A vitória do PT na condução da presidência da CPI, derrotando Hamilton Mourão (Republicanos-RS) por seis votos a cinco, mostra que o governo Lula conseguiu articular apoio e garantir que a investigação não seja capturada por interesses obscuros, fortalecendo a imagem de compromisso com a transparência.

O relator escolhido, Alessandro Vieira (MDB-SE), também com histórico na segurança pública, reforça a seriedade do trabalho que será conduzido. A aliança entre Contarato e Vieira, ambos ex-delegados, dá credibilidade ao processo e amplia a confiança de que a CPI não será palco apenas de disputas políticas, mas sim de revelações concretas sobre como o crime organizado se infiltrou em estruturas de poder. Esse movimento fortalece o discurso do presidente Lula de que o combate à violência precisa ser feito com inteligência, investigação e fortalecimento das instituições democráticas.

Entre os primeiros passos, a CPI aprovou convites para ouvir governadores e ministros, incluindo Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio Monteiro (Defesa), além de gestores estaduais como Cláudio Castro (PL-RJ) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A iniciativa mostra que o governo federal não teme prestar contas e, ao contrário, se coloca como protagonista no enfrentamento ao crime. Essa postura contrasta com a resistência de setores da oposição, que tentaram esvaziar a comissão, mas agora se veem obrigados a participar de um processo que pode expor alianças incômodas.

O que realmente assusta alguns políticos é que a CPI pode revelar conexões entre facções e figuras públicas que sempre se apresentaram como defensores da “lei e da ordem”. Ao garantir a presidência da comissão, o PT e o governo Lula demonstram que não têm medo de investigar até as últimas consequências. A expectativa é que, nos próximos meses, a CPI se torne um espaço de revelações que vão além do crime organizado, atingindo também quem se beneficiou politicamente desse caos. Para o Planalto, é a chance de mostrar que o Estado brasileiro, sob a liderança de Lula, está disposto a enfrentar os verdadeiros inimigos da sociedade, o crime, a corrupção e a hipocrisia política.

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